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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 25, 2015


Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia

Rússia reforça intenção de continuar fornecendo armas modernas a Cuba

© Sputnik/ Russian Defense Ministry


A Rússia trata Cuba como um amigo confiável e está pronta para desenvolver a cooperação com a ilha caribenha, tanto nas esferas militar quanto técnico-militar, segundo afirmou o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, durante uma reunião nesta sexta-feira (24), em Moscou, com o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, RicardoCabrisas.
"Pretendemos continuar a cooperação no fornecimento de armas modernas e equipamento militar às Forças Armadas Revolucionárias Cubanas", disse Shoigu, de acordo com um comunicado emitido pela pasta de Defesa da Rússia. 
Ontem (23), Cabrisas também se reuniu com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
De acordo com Shoigu, a cooperação russo-cubana recebeu um reforço adicional após a visita do presidente russo Vladimir Putin a Havana, em julho do ano passado, logo após o Parlamento russo ter aprovado um acordo para perdoar 90% da dívida contraída por Cuba com a União Soviética. Como herdeira legal da URSS, a Federação Russa isentou a ilha caribenha de pagar US$ 32 bilhões dos US$ 35,2 bilhões que devia.
"Todas as decisões tomadas durante a visita estão sujeitas a um atento controle e implementação em nosso país", afirmou Shoigu nesta sexta-feira.
"Nossa cooperação no setor militar está se desenvolvendo ativamente e meus encontros de fevereiro em Havana provaram nossa vontade comum para a expansão de nossas relações de parceria nas esferas militares e técnico-militares", disse o ministro russo, em referência à visita de negócios que fez à capital cubana durante sua turnê pela América Latina, que também envolveu escalas na Venezuela e na Nicarágua.  
Segundo Cabrisas, a visita de Shoigu a Havana "ajudou a reforçar a cooperação" entre os dois países.
As relações de amizade entre a América Latina e a Rússia vêm se fortalecendo significativamente em meio à guerra de sanções que os EUA, alguns países europeus e os aliados ocidentais dos norte-americanos empreendem contra Moscou, alegando um suposto envolvimento russo no conflito interno da Ucrânia. 
No entanto, foram os EUA que se apressaram em intervir na Ucrânia para catalisar o golpe de Estado que derrubou em fevereiro do ano passado o então presidente Viktor Yanukovich, criando no país um cenário de turbulência extremamente violento para a população civil, segundo escreveu o ex-congressista norte-americano Ron Paul, em artigopublicado em seu site um ano após o golpe.
Em recente entrevista à Sputnik, o Professor de Relações Internacionais da ESPM-Sul e ex-diretor do BRICS Policy Center da Pontifícia Universidade Católica – Prefeitura do Rio de Janeiro, Fabiano Mielniczuk, analisou o atual quadro geopolítico traçando uma analogia ao período da Guerra Fria. 
Segundo o especialista, a URSS, em resposta às atividades norte-americanas nas suas fronteiras, particularmente à instalação de bases na Alemanha, passou a atuar nas proximidades da fronteira dos EUA, ampliando a cooperação militar com Cuba. Transportando a situação para os dias atuais, o avanço da presença russa na América Latina seria também uma forma de resposta às intervenções de Washington na Ucrânia.
Ainda de acordo com Mielniczuk, a normalização das relações entre Cuba e EUA também se deve, em parte, à atuação russa na região. Washington, ao retomar as relações com Havana, estaria tentando minar a influência de Moscou.
Apesar disso, segundo declarou recentemente o chanceler russo, Sergei Lavrov, a qualidade dos laços entre a Rússia e a América Latina é extremamente valorizada por Moscou. Por ocasião do aniversário de 70 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre as duas regiões, ele voltou a afirmar que “em um ambiente internacional turbulento, é de particular importância o compromisso comum de princípios tão importantes como o multilateralismo, o respeito pelo direito internacional e o reforço do papel central da ONU". E concluiu:
"Hoje, o desenvolvimento dinâmico da cooperação entre os nossos países em vários campos prova que a distância não é um obstáculo para a cooperação. Os Estados latino-americanos são parceiros de confiança da Rússia na arena internacional. Nós valorizamos muito isso.”


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