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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, abril 29, 2015

Richa PSDB humilha professores no Paraná

Indignação. Em um estado onde a democracia é o regime, torna-se incompreensível admitir tal cena. Porém, mais do que isso, mais do que uma agressão a democracia, o governador Beto Richa feriu a honra de uma classe que educa os filhos do Paraná. Este cidadão que no chão geme, não é um bandido do PCC, muito menos um traficante de drogas. É um professor, um homem que faz do giz e do quadro negro suas armas de um futuro melhor para centenas de milhares de crianças e adolescentes neste estado.
Jogado, humilhado, tratado como um animal, este homem, que não conheço, mas gostaria de conhecer, foi ao Centro Cívico exercer seu direito de cidadão que é pedir aquilo que lhe foi garantido por lei. Mas a lei no Paraná não é para todos, isso é visto.
Pelo dinheiro da aposentadoria desses homens e mulheres, Beto Richa autorizou a Tropa de Choque agredi-los publicamente. Não só Beto Richa, mas os deputados de sua base que, covardemente, se trancaram no plenário para executar o pedido do chefe, enquanto os professores eram espancados do lado de fora. Que esta foto corra a internet, corra o Paraná, o Brasil, para que o povo, as próximas gerações e a história política do estado e do país não esqueça deste 28 de abril de 2015; O dia em que Beto Richa jogou a educação no chão e mandou a polícia chutar.

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