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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 06, 2015

indiferença da imprensa para investigar um escândalo que liga os mais altos escalões da política mineira e brasileira ao tráfico internacional de cocaína.

A historia do helipó não terminou

O Estadão publicou três matérias sobre tráfico de cocaína, que envolvem o piloto daquele helicóptero dos Perrela, apreendido pela Polícia Federal com quase meia tonelada de pasta da droga.
Só que o título das matérias desvia a atenção do principal. Em duas das três matérias, aparece “cocaína das Farc”.
Não se apresenta, todavia, nenhuma prova ou indício de que a cocaína pertence às Farc; e mesmo se tivesse, isso não tem relevância na matéria.
É apenas para dar uma cor ideológica à reportagem, e confundir o leitor.
A confusão é tanta que o texto quase dá a entender que as Farc são chavistas ou venezuelanas.
Não são. As Farc são um produto exclusivo da Colômbia. A Venezuela não tem Farc. Chávez defendia que as Farc abandonassem a luta armada.
A matéria trata como coisa menor as informações mais bombásticas:
1) Segundo um dos posts, Alexandre José de Oliveira Junior, piloto do famoso “helipó” dos Perrela, operava há tempos, antes de ser preso, para grandes traficantes internacionais. O Estadão não ficou curioso para saber se Oliveira usou antes o helicóptero do senador? Quer dizer então que o senador Perrela, um dos melhores amigos de Aécio Neves, tinha como piloto, há tempos, um operador à serviço dos maiores traficantes de cocaína do mundo? Isso não escandaliza o Estadão? Aécio andou nesse helicóptero?
2) O mesmo piloto havia sido pego pela polícia civil de São Paulo em janeiro de 2013, transportando 650 quilos de pó. Ao invés de ser preso, passou a ser achacado pelos policiais. Novamente o Estadão ignora o que deveria ser sua principal dúvida: ele usou o helicóptero de um senador da república para esse transporte?
Enfim, tudo é muito estranho.
O Estadão tenta jogar fumaça enchendo a matéria de referências às Farc, o que é o lado menos importante e com menos provas de toda essa história.
O que é mais estranho, porém, é a indiferença da imprensa para investigar um escândalo que liga os mais altos escalões da política mineira e brasileira ao tráfico internacional de cocaína.
A história tem várias pontas soltas, que a imprensa poderia muito bem investigar. Deixo aqui algumas delas:
É o bastante, não?
Agora imagina se Lula mandasse construir um aeroporto em terras de seu tio, se apenas o tio tivesse a chave, se o aeroporto ficasse ao lado de sua fazenda, se tivesse indicado um juiz que vendesse sentenças de soltura a traficante (com intermédio de seu primo), se houvesse um laboratório de refino de cocaína na cidade onde fica a fazenda de Lula (e o aeroporto) e, por fim, se um helicóptero de um senador grande amigo de Lula fosse apreendido com meia tonelada de pó?
aécio-e-zezé-perrella

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