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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 13, 2010

Vorazes japoneses matam a vida nos oceanos






Ativista contra a caça às baleias é condenado no Japão

Bethune, capitão do Ady Gil, uma embarcação da Sea Sheperd Conservation Society, organização ecológica que luta contra a caça às baleias, foi preso e julgado por atacar uma embarcação japonesa no Oceano Antártico.

Por Tomi Mori
[12 de julho de 2010 - 11h30]
O ativista Peter Bethune, da Nova Zelândia, foi condenado, na quarta-feira, pelo tribunal de Tóquio a dois anos de prisão, suspensa por cinco anos. Bethune, capitão do Ady Gil, uma embarcação da Sea Sheperd Conservation Society, organização ecológica que luta contra a caça às baleias, foi preso e julgado por atacar uma embarcação japonesa no Oceano Antártico. Ele foi condenado por ter lançado, junto com outros membros da organização, uma garrafa de ácido butírico no Shonan Maru 2, embarcação da frota que caçava baleias, obstruindo as atividades e ferindo um tripulante de 25 anos, no dia 11 de fevereiro. No dia 15 de fevereiro, Bethune cortou uma rede de um barco com uma faca e subiu a bordo.

O ativista recebeu suspensão da pena por afirmar que não participará de outras atividades no Oceano Antárctico e por ter pago a rede danificada. Bethune alegou que não tinha intenção de ferir ninguém. Mas o juiz disse que o ativista tinha consciência de que a garrafa poderia ferir os tripulantes. No veredito final, o juiz Takashi Tawada proferiu: “O incidente fez parte do comportamento violento e obstrutivo da Sea Sheperd, em desafio a resoluções e linhas da International Whaling Comission, que não permite tais acções obstrutivas.”

Após o julgamento, Peter Bethune foi transferido para instalações da imigração japonesa como suspeito de entrada ilegal, já que não portava passaporte quando subiu na embarcação nipônica. Após passar pela imigração, o ativista foi deportado.

Práticas e tradições

O Japão é um dos poucos países que continua a caçar baleias cinicamente, alegando que são para pesquisas cientificas. Mas a utilização da carne de baleia, que faz parte da cultura japonesa e era consumida anteriormente pela população de mais baixa renda, continua ainda a ser praticada no país. Encontra-se carne da baleia em mercados e existem restaurantes especializados nessa duvidável iguaria.

Não se pode passar por cima das tradições culturais de um pais de maneira irrefletida ou ditatorial, como acontece em muitos casos. Mas também as tradições existem para serem mudadas, principalmente com a evolução social e as mudanças de época. Nos dias de hoje, ninguém conseguiria defender o canibalismo alegando que fez parte da tradição desta ou de outra tribo. Também não se justifica, com o avanço da consciência ecológica na sociedade atual, continuar a comer baleias, cães, macacos e outros animais.

O Japão tem fome voraz não só em relação às baleias, como também tem dizimado a população mundial de atuns do planeta. O atum é uma alimentação popular e faz parte da dieta japonesa, mas chegamos a uma situação em que esse peixe pode ser exterminado da face do planeta, se se continua a comê-lo indiscriminadamente.

Tempos atrás, também se falou de que a fome pelas enguias, que são bastante consumidas no país, estava acabando com as populações europeias, que estavam sendo pescadas e exportadas para a China, para lá serem processadas e exportadas para o Japão.

Não conheci uma pessoa em toda a minha vida que defenda um tubarão, mas no Japão essa espécie sofre um violento crime, já que milhares são mortos, retiram-lhes apenas as famosas barbatanas, utilizadas nos restaurantes de comida chinesa e o restante é atirado para o lixo. Pode-se defender tal prática, mesmo alegando que a sopa de barbatana de tubarão é um prato que faz parte da cultura chinesa e também do cardápio japonês? Infelizmente, os tubarões, que possuem má fama, não têm amigos que os defendam.

O resultado do julgamento, se é que se pode dizer isso, foi recebido com alívio pelas organizações ecológicas. Na Nova Zelândia, e em outras partes do globo, os ativistas consideram Bethune um herói.

Por Esquerda.net.

Japão, o país que perdeu o bonde da história

Coluna Econômica

Nesses tempos, em que se abrem várias possibilidades para o Brasil, é interessante comparar com o que está ocorrendo com o país que caminhava para se rivalizar com os Estados Unidos: o Japão.

No final dos anos 80, o Japão estava no auge. O modelo de gestão de suas empresas, a alta qualidade de seus produtos, a estabilidade dos trabalhadores – possível dentro de um ambiente de crescimento contínuo – contrastava com a grande crise que começava a assolar os Estados Unidos.

Por pressão norte-americana, foi obrigado a valorizar a sua moeda. De lá para cá, o país amarelou. Agora, está prestes a entrar em sua terceira década perdida, segundo muitas análises.

do Luis Nassif

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