Agripino de rabão preso com a CPI da Petrobras
Via Rede Brasil Atual
Agripino defende CPI, mas investigação pode chegar a negócios da família
Agripino defende CPI, mas investigação pode chegar a negócios da família
Ligação
de Agripino Maia com Petrobras é antiga. Desde a década de 1980 o
senador recebia royalties da estatal por ser ter fazenda a 10
quilômetros de Mossoró (RN), onde foram encontrados poços
Helena Sthephanowitz
PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO
Presidente do DEM, senador José Agripino Maia, está mergulhado na articulação pró-CPI com o tucano Aécio Neves
A
CPI da Petrobras promete ser daqui em diante o palanque principal da
campanha eleitoral do candidato tucano à presidência Aécio Neves e
colocará holofote na oposição, que estava esquecida pela mídia. O
presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), está mergulhado na
articulação pró-CPI com Aécio. Aparecem juntos em fotos de jornais e nas
imagens dos noticiários de TV. Até aí, nada demais. Todos sabem que o
DEM sempre foi um partido linha auxiliar do PSDB.
O
problema para Agripino é que as investigações, se levadas a sério,
inevitavelmente esbarram nos negócios milionários da Comércio de
Combustível para Aviação (Comav), cujo sócio majoritário é o deputado
Felipe Maia (DEM-RN), filho do senador, e detém 80% do capital social da
empresa.
A Comav tem contratos desde 2001 com a
BR Distribuidora, um dos braços da Petrobras para abastecer os
aeroportos de Natal e Mossoró. O primeiro contrato foi assinado em
fevereiro de 2001, durante o governo tucano de Fernando Henrique
Cardoso, quando o atual ministro do TCU e antigo quadro do PFL (hoje
DEM), José Jorge, comandava o Ministério de Minas e Energia.
A
CPI também poderia bater nos negócios do sócio de Felipe Maia, Sinval
Moreira Dias, filiado ao DEM, que controla os outros 20% da Comav. E se a
investigação for além, poderá também investigar a renovação do contrato
em 2010. Em 2006, antes da renovação, Felipe Maia declarou à Justiça
Eleitoral patrimônio de R$ 3,9 milhões. Depois da renovação, o deputado
avaliou sua cota na Comav em R$ 120 mil.
De acordo com uma reportagem de 2006 publicada na revista IstoÉ,
a ligação de Agripino Maia com a Petrobras é antiga. Desde a década de
1980, o senador recebia royalties da estatal por ser proprietário da
Fazenda São João, localizada a 10 quilômetros de Mossoró (RN), onde
foram encontrados poços de petróleo.
No mesmo ano, em entrevista à IstoÉ,
Agripino admitiu que recebeu royalties da estatal. Segundo ele, a
quantia era insignificante. Mas o imóvel, de 4 mil hectares dos Maia,
tem um valor de mercado nada desprezível. Atolada em dívidas com o
governo, a fazenda foi desapropriada durante o primeiro mandato do
presidente Lula para reforma agrária.
O senador
não aceitou a indenização de R$ 4 milhões paga pelo Incra e trava uma
briga na Justiça para recuperar o bem. Desde então, os repasses dos
royalties foram sustados. "Acho que agora quem recebe é o Incra. Se você
quer fazer alguma ilação com a CPI da Petrobras, está gastando sua
energia", disse.
Entretanto, graças ao esforço
do senador, a Constituição foi alterada para permitir o recebimento de
royalties pelos proprietários rurais, como ele próprio, em cujas terras
fosse extraído petróleo. Ele também fundou a Associação dos
Proprietários de Terras Produtoras de Petróleo (Aspropetro) quando ainda
era governador do Rio Grande do Norte, nos anos 1980.
*GilsonSampaio
Nenhum comentário:
Postar um comentário