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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, abril 20, 2014

    FIQUE SABENDO: Suspeitos de integrar guerrilha foram mortos durante o governo FHC



Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro

Nadine Borges, da Comissão da Verdade, revela que ação das Forças Armadas contra suspeitos de integrar aGuerrilha do Araguaia durou até o governo FHC
Nadine Borges, da Comissão da Verdade, revela que ação das Forças Armadas contra suspeitos de integrar a Guerrilha do Araguaia durou até o governo FHC

Homens das Forças Armadas brasileiras teriam realizado, já durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), uma nova etapa da Operação Limpeza no Araguaia, entre os Estados do Tocantins, Mato Grosso e Maranhão, que consistia na busca e extermínio de supostos adeptos da guerrilha que enfrentou os governos ditatoriais impostos ao longo de duas décadas ao país. A informação foi revelada na noite desta quarta-feira, pela advogada Nadine Borges, uma das coordenadoras da Comissão da Verdade, que investiga os abusos cometidos pelas forças de repressão mantidas durante a ditadura civil-militar instalada após o golpe de Estado de 1964.
Nadine Borges falou, na noite passada, a uma plateia na qual estavam presentes, entre outros, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e o presidente regional da legenda, João Batista Lemos, o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes Daniel Iliescu, representantes do Judiciário e intelectuais. Na mesa do debate que antecedeu o lançamento do livro Alma em fogo, do ex-deputado Aldo Arantes, coordenada pelo representante no Rio da Fundação Maurício Grabois, Carlos Henrique Tibiriça, estavam o ex-deputado Haroldo Lima, fundador da Ação Popular (AP), o cineasta Cacá Diegues e o advogado e ex-parlamentar Modesto da Silveira. Todos ouviram o relato de Nadine Borges.

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