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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 24, 2014

O futuro da internet se decide no Brasil, diz El Pais.



http://internacional.elpais.com/internacional/2014/04/23/actualidad/1398219461_337462.html
O El País, um dos principais jornais europeus sediados na Espanha, destacou o evento NetMundial que ocorre em São Paulo e a aprovação do Marco Civil da Internet como decisivos para o futuro da Internet.

O artigo elogiou o vanguardismo do Marco Civil brasileiro, e narrou o confronto político em jogo.

De um lado Estados Unidos e Reino Unido que querem manter o controle da internet centralizado em suas mãos detendo, inclusive, os meios para espionar à vontade.

Do outro lado o Brasil, os BRICS e quase todo o resto do mundo que não querem a perpetuação de um modelo imperialista na governança da internet.

No fim do texto sobrou até uma ligeira zoada no senador Aécio Neves (PSDB-MG), citando o episódio em que Lindberg Farias (PT-RJ) desmascarou o tucano por ele ir contra os mais de 100 milhões de internautas brasileiros, ao "embaçar" a aprovação do Marco Civil, já debatido exaustivamente desde 2007 na sociedade e há 3 anos no Congresso.

O jornal não chegou a dizer, mas na prática Aécio foi líder do governo dos EUA no Senado brasileiro, enquando Lindberg foi o líder no Senado do povo brasileiro.

No jornal Le Monde, francês, também saiu uma grande matéria com o título "Brasil lidera revolta na net".

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