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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 26, 2014

 Fidel Castro está bem, mas comovido por morte de García Márquez, diz vice-presidente



O primeiro vice-presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirmou nesta sexta-feira (25/04) que Fidel Castro "está muito bem", apesar de "consternado" com a morte do amigo e escritor colombiano Gabriel García Márquez.

"Sua saúde está muito bem, está trabalhando intensamente nas coisas que ele atendeu nos últimos tempos e, certamente, se consternou muito com a morte de García Márquez, que foi seu entranhável amigo", afirmou Díaz-Canel ao responder as perguntas de um grupo de jornalistas em Havana.

Questionado sobre o quanto Fidel sentiu as mortes de "Gabo" e de seu também íntimo amigo Hugo Chávez, falecido em 2013, Díaz-Canel assegurou que o líder da revolução cubana "tem uma boa resistência interna para esse tipo de problema".

"Fidel é um homem com uma enorme sensibilidade humana. Portanto, a perda dos amigos é sentida como todas as pessoas que têm sensibilidade humana sentem, mas também é um homem muito vivido por todas as batalhas que teve que lidar no mundo", sustentou.

As declarações de Díaz-Canel foram feitas hoje em frente à sede da embaixada da Colômbia em Havana, onde ele se apresentou junto ao ministro cubano de Cultura e outros funcionários do governo para assinar o livro de condolências pela morte de García Márquez.

O Nobel colombiano, fiel admirador de Cuba e sua revolução, manteve uma amizade pessoal durante décadas com o agora ex-presidente Fidel Castro, de 87 anos e afastado do poder desde 2006 por causa de uma doença intestinal.

O primeiro vice-presidente cubano, além da amizade entre Fidel e o escritor colombiano, também ressaltou que García Márquez teve "gestos muito importantes" em direção ao país caribenho.

"Toda amizade com Fidel, toda compreensão do processo da revolução cubana, tudo o que nos defendeu internacionalmente e tudo o que fundou em nosso país (...) essas serão as lembranças que teremos dele", apontou Díaz-Canel.

García Márquez morreu aos 87 anos no último dia 17 de abril em sua residência na Cidade do México, poucos dias após sair do hospital onde foi internado com uma infecção pulmonar.

De Cuba, Fidel Castro chegou a enviar ao México uma coroa de flores para acompanhar as cinzas do escritor, mas, até o momento, nenhuma declaração pública foi feita em relação à morte de "Gabo".

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