Anexação econômica da Ucrânia pelo FMI
Trinta dias após a posse do novo governo ucraniano, a União Europeia (UE) assinou com o primeiro ministro da Ucrânia, ArseniYatseniuk, um acordo de associação. Pelo tratado, a Ucrânia fica obrigada a abrir seus mercados para todos os bens e serviços produzidos pelos países europeus e aceitar “relações de assistência financeira e cooperação em segurança”. Segundo Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, o acordo dará aos ucranianos “o estilo de vida europeu”. Como os países capitalistas europeus vivem há anos uma profunda crise econômica e possuem cerca de 27 milhões de desempregados, os ucranianos não terão vida fácil pela frente.
Fruto dessa associação, na verdade, anexação, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou no dia 27 de março, que irá emprestar US$ 27 bilhões à Ucrânia. Em troca, o país será obrigado a pagar juros; terá que aumentar os preços do gás em 50% para a população e em 40% para as indústrias, reduzir as já baixas pensões pagas aos aposentados, aumentar os impostos, demitir 10% dos funcionários públicos nos próximos meses e mais 20% após as privatizações das empresas públicas, além de permitir ampla liberdade para o capital financeiro e também para monopólios norte-americanos, como Monsanto. Na prática, os ucranianos serão governados pelos técnicos do FMI, que irão “monitorar” a economia e ter poder de veto sobre as autoridades econômicas.
Plano semelhante, conhecido pelo nome de “plano de resgate”, foi adotado na Grécia pelo FMI, levando o país à completa devastação econômica com o fechamento de milhares de empresas, aumento do número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e causando o desemprego de 28% da população ativa. Em novembro de 2008, antes do plano do FMI, o desemprego na Grécia era de 7,5%.
Mas, no momento, o maior temor da população da população ucraniana é o drástico aumento das contas de gás determinado pelo FMI. A Ucrânia tem um inverno rigoroso e temperaturas abaixo de zero durante vários meses, o que torna o aquecimento vital para a população. Com a elevação do preço do gás e as demissões já anunciadas e apoiadas pelos EUA e pela União Europeia, muitos ucranianos irão literalmente morrer de frio. Em fevereiro de 2012, quando a Ucrânia enfrentou um grande onda de frio, cerca de 130 pessoas morreram de frio no país, que tem 45 milhões de habitantes. A tudo isso, o presidente Barack Obama em reunião da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), chamou de “vitória da liberdade sobre a tirania.”
A República da Crimeia
Em 1922, foi formada a República Autônoma Socialista da Crimeia e decidido por seu povo o ingresso na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Durante a Segunda Guerra Mundial, a Crimeia foi palco de uma das mais sangrentas batalhas da Grande Guerra Patriótica. Os invasores alemães tentaram várias vezes tomar a cidade de Sebastopol, que resistiu bravamente até 1942, quando, após grandes bombardeios, os alemães dominaram a cidade. Em 1944, o Exército Vermelho libertou Sebastopol e toda a Crimeia das bestas nazistas.
Em fevereiro de 1954, NikitaKruschev, para obter apoio dos ucranianos à sua política de reimplantar o capitalismo na URSS e de ataques a Stálin, e desrespeitando a vontade do povo da Crimeia, cedeu toda a península à Ucrânia. Até hoje, a maioria da população da Crimeia é de origem russa. Logo, embora realizado debaixo das tropas do fascista Putin, não foi uma surpresa que o referendo realizado no dia 16 de março, do qual participaram mais de 80% da população da Crimeia, 97% tenham decidido pela união com a Federação da Rússia, contra cerca de três por cento que desejam se manter na Ucrânia.
Lula Falcão, diretor de A Verdade
Nenhum comentário:
Postar um comentário