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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 11, 2011

Como Portugal, Irlanda e Grécia, Itália está indo pro saco

Via  BBC-Brasil
UE faz reunião de emergência em meio a temor sobre crise na Itália
Símbolo do euro
Crise ameaça contaminar a Itália, a terceira maior economia da zona do euro
Os mais altos funcionários da União Europeia para o setor de Finanças participam nesta segunda-feira de uma reunião de emergência para discutir um pacote de ajuda financeira à Grécia, em meio aos temores de que a Itália pode ser a próxima vítima da contaminação da crise na zona do euro.
O principal índice da Bolsa de Valores de Milão caiu 3,5% na sexta-feira e as ações do maior banco do país, Unicredit Spa, caíram 7,9% por conta dos temores de que o governo italiano, enfraquecido por escândalos políticos, não consiga implementar um necessário plano de cortes de gastos para conter seu déficit público.
A reunião desta segunda-feira foi convocada no fim de semana pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Um porta-voz de Rompuy afirmou que o encontro não é "uma reunião de crise, mas de coordenação" e negou que a situação da Itália estará na agenda.
Mas analistas e funcionários envolvidos na reunião consideram que será inevitável que o tema seja discutido. A Itália é a terceira maior economia da zona do euro, e problemas financeiros no país teriam uma consequência muito maior para os demais países da região do que a crise grega.
Além de Van Rompuy, participam da reunião em Bruxelas o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, o chefe dos ministros das Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos, Olli Rehn.
O encontro de emergência será seguido de uma reunião já programada entre os ministros das Finanças dos países da zona do euro.
Pacote de ajuda
A pauta oficial da reunião é a discussão sobre o segundo pacote de ajuda financeira à Grécia. O país já recebeu uma ajuda de 110 bilhões de euros (cerca de R$ 245 bilhões), acertada no ano passado, mas necessita de um novo aporte financeiro para conseguir cumprir com os pagamentos de sua dívida.
Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo diário britânico Financial Times, líderes europeus já admitem que o novo pacote de ajuda à Grécia inclua uma moratória no pagamento de parte dos títulos da dívida grega, com o objetivo de levar a dívida total do país a níveis sustentáveis.
Na semana passada, a agência de classificação de risco Standard & Poor's havia advertido que a proposta original para uma reestruturação voluntária da dívida grega seria considerada na prática como uma moratória, provocando o rebaixamento da nota dada aos títulos do país.
O novo pacote de ajuda à Grécia vem sendo negociado há várias semanas, mas até agora não houve um consenso entre os países da zona do euro e representantes dos credores da Grécia sobre as condições para a sua aprovação.
Autoridades europeias temem que um atraso grande na aprovação do plano possa prejudicar a situação de outros países da região que também enfrentam dificuldades financeiras, como Portugal, Espanha e Irlanda, além da Itália, cuja relação entre a dívida e PIB é menor apenas que a da Grécia entre os países da zona do euro.

*GilsonSampaio

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