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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 15, 2011

Nicolelis em audiência com presidenta Dilma

Presidenta Dilma Rouseff, junto com o ministro Aloizio Mercadante, conversa com o neurocientista Miguel Nicolelis no Palácio do Planalto.
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
O Brasil vai aliar a situação econômica do país e as demissões em massa de cientistas nos Estados Unidos e Europa para atrair profissionais de ponta para trabalharem em regime temporário no território nacional. A informação é do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, nesta quinta-feira (14/7), após audiência com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. Mercadante compareceu na companhia do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que integra o grupo dos 20 mais renomados e influentes cientistas no mundo, para apresentar a proposta da criação do programa Escola sem Fronteiras e intensificar o Andar de Novo, desenvolvido em Natal (RN), além da realização de concursos públicos para contratar profissionais no mercado internacional.
“Vamos abrir concursos internacionais para atrair cientistas de ponta e impulsionar as áreas científicas. Para se ter uma ideia, em dois anos, o equivalente a um terço do quadro do ministério estará aposentado. Então, parte dos pesquisadores será composta por brasileiros e a outra parte contratada no exterior”, informou Mercadante ao citar como exemplo o fato de a Nasa - a agência espacial americana - ter demitido recentemente cerca de quatro mil trabalhadores.


O neurocientista Miguel Nicolelis iniciou a entrevista informando que o projeto Escola sem Fronteiras, conforme apresentado à presidenta Dilma, tem por objetivo atuar em áreas fronteiriças de 12 países na América do Sul. Assim, por exemplo, num determinado período os jovens seguem com os estudos normais de cada país - obedecendo a grade curricular - e em outro período estudam matérias científicas.
Outro trabalho desenvolvido por Nicolelis, o Andar de Novo, também mereceu simpatia da presidenta Dilma e, tal fato levará a uma visita, em data a ser definida, às dependências do instituto em Natal (RN). O neurocientista informou também que vem desenvolvendo equipamento que permitirá pessoas paralíticas ou tetraplégicas, por exemplo, a andarem apoiadas por equipamentos produzidos por sua equipe. Conforme contou, a meta é que os aparelhos estejam prontos em quatro anos. A demonstração aconteceria na abertura da Copa do Mundo Fifa 2014.
*comtextolivre

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