Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 17, 2014

A abjeção do diálogo Aécio-Marina sobre a queda de pressão de Dilma

: Fernando Brito
aeciotel
Quando você acha que se chegou ao fundo do poço em matéria de caráter, sempre há um pouco mais a descer.
Vejam a transcrição do diálogo Aécio Neves Marina Silva flagrado pela Folha de S. Paulo, ao final do debate do SBT, presenciado pelas ótimas repórteres Cátia Seabra e Lígia Mesquita, da Folha, comemorando a queda de pressão de Dilma Rousseff.
Ele desceu muito.
Mas Aécio desceu mais.
Leia:

‘Deu o desespero. Viu que ela passou mal?’, diz Aécio a Marina Silva

Cátia Seabra e Lígia Mesquita
Candidata derrotada, a ex-ministra Marina Silva (PSB) telefonou para o tucano Aécio Neves logo depois do debate realizado nesta quinta-feira (16) pelo SBT. Na conversa, Marina questionou o grau de truculência da disputa.
“Ela [Dilma] optou por esse caminho”, justificou Aécio, acrescentando:
“Deu o desespero. Viu que ela passou mal no final?”, perguntou Aécio.
Marina citou o fato de Dilma ter explorado no debate o caso do bafômetro: o tucano admitiu ter se recusado a fazer o teste durante uma blitz no Rio de Janeiro.
“Eu erro. Todo mundo erra”, alegou Aécio. “Vou defender minha honra até o final”, completou ele.
Os dois combinaram de se encontrar sexta-feira.
*Tijolaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário