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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 18, 2014

Confissão de propina a ex-presidente do PSDB deve abafar caso Petrobras

Em depoimento, Paulo Roberto Costa confessa que ex-senador e ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, recebeu R$ 10 milhões em propina. Envolvimento de tucano no escândalo deve abafar uso da Petrobras na campanha eleitoral

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Sergio Guerra e Aécio Neves. De acordo com delator Paulo Roberto Costa, Guerra recebeu R$ 10 milhões em propina. Informação de que figurão tucano está envolvido em escândalo pode atrapalhar os planos de Aécio Neves em explorar eleitoralmente o caso Petrobras (divulgação)
Sérgio Guerra extorquiu a Petrobras e levou R$ 10 milhões em propina para encerrar a Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, aberta em julho de 2009 no Senado. É o que afirma o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em delação premiada.
Segundo ele, o então presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra – morto em março deste ano, disse que o dinheiro seria usado para a campanha de 2010. O pagamento teria ocorrido depois que a CPI foi fechada sem punições, em 18 de dezembro de 2009.
A comissão investigava irregularidades nas obras da Abreu e Lima, em Pernambuco – que desencadearam a Operação Lava Jato da Policia Federal neste ano.
O depoimento é um complicador para a estratégica política do PSDB, de usar o esquema comandado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, como arma contra o PT, às vésperas do segundo turno. Ontem, numa outra revelação, surgiu a história de que o senador Fernando Bezerra Coelho, do PSB, também levantou R$ 20 milhões para a reeleição de Eduardo Campos, em 2010. Assim, o esquema denunciado na Operação Lava-Jato se torna mais ecumênico e suprapartidário – e não apenas petista.
*PragmatismoPolitico

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