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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 15, 2014

Oposicionista hidrófobo, Roberto Freire

Roberto Freire foi para... Punta!

Por Altamiro Borges

Oposicionista hidrófobo, Roberto Freire nem esperou o enterro de Marina Silva para já declarar seu apoio a Aécio Neves. Mais do que nunca, ele agora depende dos tucanos para salvar a sua própria carreira política. Presidente eterno do PPS, ele foi derrotado nas urnas em São Paulo e não conseguiu se reeleger. O seu partido, apêndice da direita, elegeu 10 deputados federais – dois a menos que em 2010. E o pernambucano ficou na quarta suplência em São Paulo. O PSDB é a sua única salvação. Do contrário, só lhe restará curtir as magoas nos cassinos de Punta del Este.

Segundo relato do jornal Valor, “deputado federal por seis mandatos, ele teve apenas 62,8 mil votos no domingo e ficou como quarto suplente da coligação PSDB/DEM/PPS, que dava suporte à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Freire, que nesta eleição apoiou Marina Silva (PSB) para presidente, defende agora o apoio aos tucanos. E também depende da boa vontade do governador reeleito para continuar na Câmara – ele deve convidar alguns deputados para compor o secretariado e pode fazer um esforço extra para manter o presidente do PPS na Casa”.

Caso isto não ocorra, Roberto Freire poderá exercitar seus vícios nas casas de jogos. Em 2011, em plena instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as relações do ex-demo Demóstenes Torres – seu amigo na cruzada moralista pela ética – com o mafioso Carlinhos Cachoeira, o deputado “foi visto num cassino em Punta del Este. Ele estava testando a sorte numa máquina de caça níquel. Animado, Roberto Freire carregava no pescoço uma espécie de cartão fidelidade” – relatou, na ocasião, o jornalista Tales Faria.

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