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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 03, 2015

Em culto evangélico, Eduardo Cunha diz que maioria do Brasil é conservadora


Em culto evangélico, Eduardo Cunha diz que maioria do Brasil é conservadora

O presidente da Câmara dos Deputados chegou a afirmar que a “sociedade pensa como nós[os conservadores] pensamos” e que, por isso, é preciso deixar que “a maioria seja exercida, e não a minoria”; parlamentar prometeu ainda que lutará para que os princípios da igreja evangélica sejam “levantados e defendidos” no Legislativo 
Por Redação 
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), a maioria do Brasil é conservadora. A afirmação foi feita em um culto evangélico realizado no Rio de Janeiro neste domingo (1º), no templo Vitória em Cristo.
Centenas de pessoas estavam presentes quando o deputado disse que “a maioria da sociedade pensa como nós pensamos” e que é preciso deixar que “a maioria seja exercida, e não a minoria”, fazendo clara referência a pautas progressistas e da causa LGBT, que historicamente se posiciona de maneira contrária.
“Não sou eu que não vou deixar a pauta progressista andar, não sou eu que sou conservador. A maioria da sociedade pensa como nós pensamos. É só deixar que a maioria seja exercida, e não a minoria”, afirmou, adicionando ainda que os órgãos de imprensa costumam dar “cobertura maior” aos ativistas gays.
Deixando de lado o princípio do Estado laico, Cunha seguiu prometendo mostrar “aquilo que o evangelho exerce” e lutar para que os princípios da igreja evangélica sejam “levantados e defendidos” no Legislativo.
Essa influência direta da religião dentro da Câmara, por influência de seu presidente, já acontece de forma direta há algum tempo. Todas as sextas-feiras o parlamentar conduz, na Casa, uma cerimônia religiosa com outros deputados.
Foto: Eduardo Cunha conduz culto evangélico na Câmara (Divulgação) 
*RevistaForum

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