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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 11, 2015

Governo de SP pune Palmeiras por protesto anti-Dilma

Blog do Savarese
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Allianz Parque
Ninguém merece jogar futebol profissional às 11h de um domingo de verão. O desgaste dos atletas é maior, a presença do público é menor e a desvalorização do espetáculo como um todo é notória. Mas o governo de São Paulo e a FPF (Federação Paulista de Futebol) não dão a mínima para isso. Por isso atiraram Palmeiras e XV de Piracicaba nesse horário inglório.
A desculpa é esfarrapada: a Polícia Militar com mais homens no Brasil é incapaz de lidar ao mesmo tempo com um jogo de futebol de potencial mediano na zona oeste e manifestações no centro contra a presidente Dilma Rousseff, para a qual irão sabe-se lá quantas pessoas. Marcar jogos matutinos, salvo engano, nunca serviu para poupar a PM de trabalho.
Nos anos 90 esse horário foi usado raras vezes para tentar levar mais famílias aos estádios. A iniciativa fracassou. No começo dos anos 2000 houve também outras partidas nessa faixa. Mas os jogadores reclamaram porque seu desempenho piorava por falta de costume e excesso de calor. Obviamente a opinião deles pouco importou aos nossos cartolas.
Vale lembrar, sem lidar com o mérito dos protestos, que a decisão da FPF amplia o fosso entre o Palácio do Planalto e a CBF de Marco Polo del Nero, aquele que também controla a federação paulista. Na Copa do Mundo a presidente já evitava ser fotografada ao lado de dirigentes como ele. Agora, a rusga é ainda maior. Neste domingo, o azar é do Palmeiras. 
*Yahoo

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