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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 04, 2015

Produtos de última geração favorecem somente aos deficientes de alto poder aquisitivo

Imgem de uma cadeira de rodas motorizada top de linha e uma prótese de alto valor.Por Vera Garcia*
Caros leitores,
São inúmeros os dispositivos e próteses para facilitar a comunicação e a locomoção de pessoas com deficiência. O Brasil dispõe do que há mais moderno no mundo na área de próteses. Porém, segundo a Abotec (Associação Brasileira de Ortopedia Técnica), menos de 3% dos deficientes físicos brasileiros conseguem ter acesso a essa alta tecnologia devido aos altíssimos preços desses produtos.
Lamentavelmente somente tem acesso a essas próteses e dispositivos de última geração, pessoas com deficiência com alto poder aquisitivo. Ou seja além de você ter uma deficiência você precisa ser rico. Por exemplo, como um amputado do membro superior direito, de baixo poder aquisitivo, terá acesso a uma prótese de última geração que tem o custo de R$250.000,00? No mínimo só através de doação, como foi o caso do ciclista que perdeu um braço após ser atropelado na Avenida Paulista, em São Paulo.
Falo isso com propriedade,  porque no meu caso por exemplo, amputada do membro superior direito, não uso prótese até hoje. Primeiro, porque acho um absurdo pagar R$14.000,00 (baseado na última pesquisa que fiz há alguns anos atrás)  em uma prótese básica somente para estética, e segundo porque não terei acesso a uma prótese de última geração por causa do valor.  E Alguém pode perguntar e  o SUS? Infelizmente todo mundo sabe que esse sistema funciona precariamente e só atende casos de produtos básicos. Linha de crédito de acessibilidade da presidente Dilma? Acredito que deve ser também somente para algo básico e precisa estar listado na Portaria Interministerial. Me parece que nessa lista tem 250 produtos.
Um outro exemplo é o óculos de realidade virtual que a canadense Kathy Beitz que tem doença degenerativa, e a deixou com cegueira funcional, conseguiu ver seu filho recém-nascido. Achei  fantástica essa matéria, entretanto fico imaginando qual será o custo desse produto quando ele chegar no Brasil.
E quanto ao preço de uma cadeira de rodas motorizada top de linha? Se uma cadeira de rodas básica já é difícil adquirir, imagine uma motorizada.
Infelizmente nosso país está bem longe de promover a independência, autonomia e garantir a dignidade da pessoa com deficiência. Se dificilmente encontramos rampas de acesso, banheiro adaptado e dispositivo de sinalização para cegos em ruas, tendo em vista que isto é um princípio constitucional, o básico que um país pode oferecer para garantir a inclusão inclusão social, o que podemos esperar do acesso a  produtos tecnológicos  de valores altíssimos?
**Vera Garcia: Blogueira, pedagoga, criadora e administradora dos blogs Namoro Poderoso e Deficiente Ciente.
E você tem ou teve acesso a algum produto de alta tecnologia? Como conseguiu? Se não tem, o que pensa a respeito disso? Deixe seu comentário!
*Deficienteciente

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