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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 07, 2015

Edward Snowden em um parque do Brooklyn.


Busto de Edward Snowden criado por artistas anônimos em Nova York

Nova York amanhece com estátua misteriosa em homenagem a Edward Snowden

© Youtube/animalnewyork
Nova York amanheceu nesta segunda-feira (6) com um novo e misterioso monumento, depois que um grupo de artistas anônimos instalou ilegalmente, na madrugada, um busto de 45 quilos em homenagem a Edward Snowden em um parque do Brooklyn.
Pouco antes do amanhecer, três artistas arrastaram um busto de cerca de 1,20 metro de altura através do Parque Fort Greene, no bairro nova-iorquino do Brooklyn. Enquanto o sol se levantava, eles montaram a estátua em cima de um pilar que fazia parte de um antigo memorial à Guerra de Independência dos EUA – o Monumento Prison Ship Martyrs, originalmente erguido para lembrar os combatentes que morreram a bordo de navios-prisões durante a Revolução Americana. 
Falando à revista Animal, os responsáveis pelo busto de Snowden afirmaram que o ato de hoje teve como objetivo “atualizar” o monumento de guerra para “dar destaque àqueles que sacrificam sua segurança na luta contra as tiranias dos tempos modernos".
Longe de encararem o ato como profanação, os artistas veem a sua obra como uma forma de homenagear as liberdades pelas quais se lutou na Guerra de Independência norte-americana.
"Seria uma desonra para os que foram aqui imortalizados não elogiar quem protege os ideais pelos quais eles lutaram, como o fez Edward Snowden trazendo à luz os programas de vigilância da NSA que violaram a Quarta Emenda [à Constituição dos EUA, que se refere à proteção individual contra buscas e apreensões arbitrárias]”.
O projeto custou milhares de dólares, tirados do bolso dos próprios artistas, e levou seis meses para ser criado. Apesar do esforço, os três se resignaram ao fato de que a obra seria provavelmente destruída pelas autoridades.
De fato, a estátua já foi coberta pela polícia. No entanto, os artistas disseram ter um molde pronto para fabricar outros bustos, de modo que os habitantes e turistas de Nova York ainda poderão ter a chance de ver o monumento ao ex-agente.
Durante seu tempo como funcionário da Agência de Segurança Nacional norte-americana, Snowden revelou a extensão massiva do aparelho governamental de espionagem doméstica. Ele reside atualmente na Rússia, que o acolheu em 2013 para impedir sua extradição para os EUA.


Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20150406/670890.html#ixzz3Wazc3mCD

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