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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 04, 2015

Em entrevista a TV norte-americana, Dilma diz que "dá a vida pelo Brasil"



Em entrevista á agência norte-americana Bloomberg News, Dilma falou sobre o combate a corrupção e disse que "dá a vida pelo Brasil"

Por Redação - em Brasilia

Em entrevista à agência norte-americana Bloomberg, no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff negou qualquer tipo de envolvimento com o bilionário esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Presidente do conselho administrativo da estatal petrolífera entre 2003 e 2010, período-chave para as investigações da PF, Dilma diz que a empresa está tomando “medidas drásticas” para evitar práticas ilícitas. Questionada por um dos repórteres se ela, por ter ocupado tal função durante tantos anos, não havia recebido “sequer um sinal” de irregularidades, ela explicou por que seria possível não ter tomado conhecimento das falcatruas.
“Temos uma investigação que está envolvendo toda a Polícia Federal do país, envolvendo o Ministério Público Federal, envolvendo a Procuradoria-Geral da República para descobrir até o fundo o que ocorreu dentro da Petrobras. Não era pura e simplesmente uma questão de gestão. Não há nenhuma evidência do envolvimento dos dois presidentes”, disse, referindo-se a Sergio Grabrielli e sua sucessora, Maria das Graças Foster. “Nenhum de nós sequer viu um sinal [de corrupção]. Quem descobre os sinais foi uma investigação de crime de lavagem de dinheiro e de manipulação de reserva, e não investigando a Petrobras”, completou Dilma, sem citar o envolvimento de políticos no esquema e dizendo que ele se resumiu a formação de cartel e corrupção de funcionários.
Depois de responder à pergunta sobre seu nível de conhecimento a respeito da corrupção na estatal, Dilma passou a ressaltar os avanços que a gestão petista promoveu no combate à corrupção e no fortalecimento das instituições. “Pela primeira vez foi aprovada uma lei que pune o corruptor e o corrupto. Pela primeira vez, por iniciativa do governo, haverá uma lei que pune o caixa dois de campanha. Nós estamos criminalizando [a prática]”, completou Dilma, para quem a Polícia Federal e o Ministério Público ganharam autonomia no últimos anos. “Criaram-se no Brasil as condições para que o país avance em direção a um reforço constitucional.”
Em uma hora de entrevista, Dilma fala sobre a política de preços da Petrobras, comenta o momento delicado da economia nacional e analisa a situação do câmbio brasileiro em tempos de alta do dólar. Mas, percebendo o avanço dos repórteres sobre os próximos passos da petrolífera, a petista recuou em determinado ponto das indagações. “Eu não vou dar opinião sobre os preços da Petrobras”, avisou.

Obama

No início da entrevista, o repórter pede desculpas a Dilma por não estar apto a falar português e cita o encontro que Dilma terá com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Cidade do Panamá às vésperas da Cúpula das Américas (10 e 11 de abril). Ele aproveita para perguntar se a relação com aquele país é, de fato, “uma prioridade” para o Brasil, e lembra a turbulência entre as duas nações durante o episódio do WikiLeaks, quando descobriu-se que aquele país investigou Dilma e diversos outros chefes de Estado.
Para Dilma, será “uma reunião muito importante”, uma vez que reunirá todos os chefes de Estado do continente e terá um “aspecto de afirmação da democracia muito forte”. A presidenta lembra que o evento ocorre em uma época de reaproximação entre EUA e Cuba, quando há em curso negociações para a derrubada do bloqueio econômico ao governo cubano.
“Vou ter uma conversa bilateral com o presidente Barack Obama. Nós nunca deixamos de dar importância à relação com os Estados Unidos”, disse Dilma, com a ressalva de que isso não impede outras alianças. Ela lembra que, nas últimas décadas, o Brasil reforçou seu enfoque na América Latina. “No mundo, hoje, nós sempre vamos buscar o multilateralismo. Não achamos que uma relação com um país se dá em detrimento da relação com outro.”


Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2015/04/em-entrevista-tv-norte-americana-dilma.html#ixzz3WNcKfg00

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