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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 09, 2015

“O Brasil vai se empenhar de todas as formas para que o Mercosul continue avançando,” concluiu Dilma.

Dilma assume presidência do Mercosul

Inclusão da Bolívia no grupo, acordos comerciais e de preferência tarifária com Líbano e Tunísia e até padronização de placas de carro nos seis países estão entre medidas previstas
Mercosul
Medidas relacionadas à cidadania dos cidadãos sulamericanos, inclusão da Bolívia no bloco e acordos comerciais de preferência tarifária são o foco central da reunião de cúpula dos países do Mercosul, que acontece nesta quarta-feira (17), na cidade de Paraná, Província de Entre Rios, na Argentina.
No encontro, que teve início nesta manhã, a presidenta Dilma Rousseff assumiu em nome do Brasil a presidência pro tempore do bloco pelo período de seis meses, no lugar de Cristina Kirchner, presidenta da Argentina.
Formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, o bloco econômico da América do Sul deve incorporar no encontro o sexto país-membro, a Bolívia, após aprovação dos parceiros. O presidente boliviano Evo Morales está presente à reunião, mas a adesão do seu país ao Mercosul sofre resistência paraguaia.
O bloco tem três pilares de apoio: os de caráter comercial e econômico, o social e o da cidadania. Em momento de renovação política e fragilidade nas relações comerciais entre os países-membros, que registram uma queda de 20% nos últimos meses, a reunião se empenha na aplicação de medidas de integração e fortalecimento da cidadania.
A implantação de um padrão comum de placas de carro em todos os países, a vigorar a partir de 2016, é uma das medidas sob análise da cúpula. A Argentina também vai apresentar uma cartilha para facilitar a vida do cidadão que atua na região.
O livreto contém uma série de orientações sobre como fazer para que o cidadão tenha livre circulação no bloco, tanto com intenções profissionais, de trabalho, quanto para comercialização de produtos. O objetivo é desamarrar os entraves burocráticos e facilitar, por exemplo, a validação de um diploma de graduação nos países vizinhos.
Além dessas preocupações cidadãs, a 47ª reunião agendou a assinatura de acordos de preferência tarifária com o Líbano e Tunísia, países do Oriente Médio e África, respectivamente, destinados a intensificar o comércio com esses países.
Também está previsto a confirmação de acordo de relações comerciais com a União Euroasiática, bloco formado pela Rússia, Cazaquistão, Bielorrússia e Armênia.
A integração produtiva de setores como o de brinquedos, têxtil, calçados, cosméticos e de softwares também está sob discussão no encontro e tem como objetivo a redução da importação desses produtos da China.
Fortalecimento  – Em seu discurso, Dilma destacou a importância crescente do Mercosul e o fortalecimento da democracia nos países membros.
“Neste ano, assistimos a vibrantes processos eleitorais, com ampla participação popular, em dois membros plenos, Uruguai e Brasil, e nos países irmãos Bolívia e Colômbia”, disse aos outros chefes de Estado presentes.
“Essa celebração da democracia era impensável na América do Sul poucas décadas atrás,” completou.
Dilma também falou sobre o aumento do comércio intrabloco, que passou de US$ 4,5 bilhões, em 1991, para aproximadamente US$ 60 bilhões em 2013. “Esse crescimento é superior à evolução do comércio mundial como um todo,” ressaltou.
Para o período em que presidirá o Mercosul, a presidenta garantiu que o Brasil se empenhará em aprofundar as discussões sobre o futuro da união aduaneira, avançar na definição de estratégia conjunta de inserção internacional e aperfeiçoar os mecanismos institucionais.
De acordo com ela, frente ao cenário de crise internacional, a aposta na integração regional deve ser ampliada para reforçar as capacidades e as alternativas dos países.
“Fizemos do Mercosul a mais abrangente iniciativa de integração já empreendida na América Latina, transformamos o Mercosul em um projeto ambicioso para alcançar o desenvolvimento econômico com justiça social e a nossa integração”, disse.
“O Brasil vai se empenhar de todas as formas para que o Mercosul continue avançando,” concluiu Dilma.

Da Redaçãoda Agência PT de Notícias

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