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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 09, 2015

Rússia é bom, Rússia é o futuro, Rússia é *trendy*. - EUA?

Rússia é bom, Rússia é o futuro, Rússia é *trendy*. - EUA? 


Nova ordem: "A Rússia é o futuro"

Pessoal, atenção por favor: mudança de direcção.
As novas ordens são as seguintes:
  • Rússia é bom, Rússia é o futuro, Rússia é trendy.
  • EUA? O passado, foi bonito, mas agora chegou a altura de dizer "adeus". Com uma lágrima de tristeza, mas sempre adeus é.
Antes um dato importante que pode ajudar a entender o que se segue: as sanções, como previsto por todos os economistas sérios, não tiveram o efeito esperado. As reservas do banco central foram parcialmente utilizadas para aliviar a crise e agora o Produto Interno Bruto (PIB!) voltou a subir. Com boa paz de Obama.

E agora vamos ver o porque das novas ordens.
O sócio do simpático George Soros e co-fundador daQuantum (uma sociedade de investimento com escritório em Curação e sede nas Ilhas Caymans: é o fundo onde em 1969 a família Rothschild apostou 6 milhões de Dólares, recebendo como prémio alguns anos mais tarde todo o Banco de Inglaterra), Jim Rogers, afirma:
É altura de desinvestir nos EUA e de investir na Rússia. Dentro de alguns anos, haverá alguns ajustes e muitos ficarão machucados, enquanto que a Rússia tem fortes bases e dívida pública a quase zero.
Wow... e quem publica coisas assim? Russia Today ou Sputnik? Nada disso: Forbes e Reuters.
Wow nº 2... e continua o simpático Jim:
Estou muito optimista sobre o futuro da Rússia. Certamente um dos mercados de ações maisatraentes do mundo nos dias de hoje para mim é a Rússia.
Rússia, Rússia, Rússia.. o coitado de Obama grita aos quatro ventos que a ameaça vem de Moscovo e estes dizem ter chegado o momento de abraçar o Zar? É o que parece. E faz um certo sentido, considerando alguns pormenores:
  • a dívida pública russa é quase zero, em comparação com outros Países do mundo
  • a economia russa, como vimos, sofreu as sanções, mas está a recuperar
  • a produção industrial voa
  • com a queda das importações, a balança dos pagamentos é fortemente positiva
  • os capitais começam a voltar, graças a alguns Países europeus que oficialmente respeitam as sanções mas que na verdade verdadeira...
  • a Rússia continua a ficar sentada acima de mais de 30% dos recursos totais do planeta
Vitória de Putin? Não, idiotice dos mercados ocidentais que seguiram as ordens da Casa Branca e só mais tarde fizeram duas contas, percebendo quem tem as cartas melhores na mão.

E para acabar, ainda o simpático Jim Rogers:
Algo aconteceu no Kremlin. A velha maneira de fazer as coisas na Rússia mudou na minha opinião.
Agora: seria interessante perceber o que significa aquele "dentro de alguns anos, haverá alguns ajustes e muitos ficarão machucados". Tentamos adivinhar? E tentamos: pode significar que em breve uma outra bolha irá explodir (tomem nota: poderia ter o sabor de baunilha, Vanilla em inglês)? Pode significar que esta bolha irá provocar grandes prejuízos? E que só quem pode contar com uma riqueza real (nada de papel) terá a possibilidade de ficar relativamente imune?

É uma ideia. Aliás, é mais do que uma ideia, porque os tipos como Rogers não é gente que fale tanto para deixar sair o ar. Uma outra hipótese sugestiva pode ter a ver com a China e a Dívida Pública dos EUA... mas por enquanto ficamos aqui.

O que conta é que a mensagem é muito clara. E que não deve ter caído tão bem em Washington.
E nem em Kiev...


Ipse dixit.
*http://informacaoincorrecta.blogspot.com.br/2015/04/nova-ordem-russia-e-o-futuro.html


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