Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 15, 2010

Fotógrafo de Martin Luther King era informante do FBI






Fotógrafo de Martin Luther King era informante do FBI

© Foto de Ernest C. Withers. Auto-retrato feito em 1968.

Um dos melhores amigos de Martin Luther King era um traidor. Segundo o jornal “The Commercial Appeal”, de Memphis, Ernest C. Withers, o fotógrafo mais famoso do movimento pelos direitos civis era um informante do FBI. Segundo o jornal, Ernest teria fornecido informações, em troca de dinheiro, sobre os planos da organização das marchas e da vida pessoal dos ativistas pela igualdade racial. No domingo, o jornal de Memphis publicou os resultados de uma investigação de dois anos, que mostrou que Withers, que morreu em 2007 aos 85 anos, tinha colaborado estreitamente com dois agentes do FBI nos anos 60, para vigiar de perto o movimento de direitos civis. Foi uma revelação surpreendente a respeito do ex-policial, apelidado de Fotógrafo Original dos Direitos Civis, cuja fama veio inicialmente da confiança que desfrutava junto a altos líderes do movimento dos direitos civis, incluindo King. Na época de sua morte, Withers possuía o maior catálogo de um fotógrafo individual a respeito do movimento de direitos civis no Sul, disse Tony Decaneas, o proprietário da Panopticon Gallery em Boston, o agente exclusivo de Withers. Suas fotos foram reunidas em quatro livros e sua família planejava abrir um museu com seu nome. Ernest C. Withers fez a célebre fotografia de Martin Luther King fazendo a primeira viagem de um ônibus não segregado em Montgomery. No Alabama, em 1956. Veja a denuncia do jornal The Commercial Aqui
*ImagemVisão

Nenhum comentário:

Postar um comentário