- de Dacar
Em sua primeira viagem ao exterior desde que deixou o Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido, neste domingo, com status privilegiado no evento em que foi ovacionado ao se despedir da Presidência da República, no ano passado. Durante sua estada em Dacar, Lula foi recebido pelo presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, que exerce o cargo desde 2000. Nesta segunda-feira, Lula discursa à multidão aguardada no campus da universidade. O Fórum Social Mundial (FSM), a reunião anual dos ativistas antiglobalização, começou tendo como cenário os movimentos de contestação no mundo árabe, particularmente no Egito e na Tunísia, mas também no próprio Senegal, o país que o recebe.A inauguração oficial desta décima primeira edição do FSM foi marcada por uma passeata de dez mil pessoas pelas ruas da capital senegalesa. Até 11 de fevereiro, milhares de participantes esperados estarão divididos por diversos locais, em particular a Ilha de Goré, símbolo do tráfico negreiro, para debater e propor alternativas para o capitalismo “em crise”, segundo eles.
Além do ex-presidente Lula, participam do Fórum o presidente boliviano Evo Morales, o venezuelano Hugo Chavez e a dirigente do Partido Socialista francês, Martine Aubry, entre outras personalidades. O encontro do FSM, realizado sempre logo depois do Fórum econômico mundial de Davos, se apresenta como contraponto à reunião da elite econômica e política, na exclusiva estação de esqui dos Alpes suíços.
O FSM foi criado em 2001 em Porto Alegre.
“A realização na África ilustra um dos maiores fracassos em três décadas de políticas neoliberais. Em reação, os movimentos sociais e os cidadãos do mundo se juntam aos povos africanos que se recusam a pagar o preço das crises atuais pelas quais não têm nenhuma responsabilidade”, diz a apresentação do FSM
O Senegal, país muçulmano que recebe o FSM é dirigido há onze anos por Abdulaye Wade, fervoroso partidário do liberalismo, e confrontado há meses com manifestações regulares e, às vezes, violentas de jovens. Desesperados, em meio ao desemprego e sem futuro, eles usam como pretexto os apagões recorrentes no país para protestar, a um ano da eleição presidencial, na qual Wade, 83 anos, pretende garantir um terceiro mandato.
*correiodoBrasil
Lula pede um novo modelo de desenvolvimento no Fórum Social Mundial em Dacar
Martine Aubry |
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva destacou nesta segunda-feira, à margem do Fórum Social Mundial (FSM) de Dacar, a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento, em uma reunião com a líder socialista francesa Martine Aubry.
Lula e Aubry se referiram, além disso, aos trabalhos do G20 de potências desenvolvidas e países emergentes, que atualmente é presidido pela França, e pediram que o grupo se concentre em questões como o desemprego.
"No G20 podem dizer que não há nenhum problema e jamais se fala de desemprego", declarou Lula, no início da reunião com a socialista francesa.
De sua parte, Aubry concordou. "Estamos fora da realidade".
Depois do encontro, Aubry explicou ter conversado com o Lula sobre o próximo G20 e a forma de trabalhar juntamente com países progressistas.
"Também falamos das relações entre a América do Sul e a África. A África começa a solucionar seus problemas, algo que a Europa não entende bem, mas outros países como a China e a Índia já compreenderam", assegurou.
"É necessário refletir sobre a forma com que podemos estabelecer juntos as bases de outros modelo de desenvolvimento. Lula tem a convicção de que hoje em dia não existe um líder no mundo, e principalmente na Europa, capaz de levar adiante essa mudança", acrescentou.
O FSM, a reunião anual antiglobalização que neste ano coincide com os protestos populares no mundo árabe, começou neste domingo em Dacar com uma passeata de milhares de pessoas e com a participação, entre outros, do presidente boliviano Evo Morales.
O número de participantes da manifestação foi avaliado em 10 mil por jornalistas no início do protesto, e chegou a 60 mil, segundo os organizadores, quando terminou com um comício em uma grande praça de Dacar.
Entre os participantes, encontrava-se o presidente boliviano Evo Morales e Aubry.
Esta é a segunda vez desde a sua criação, em 2001 em Porto Alegre, que o Fórum é realizado na África, após a edição de Nairobi de 2007.
AFP
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