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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Lula é recebido com carinho no FSM realizado no Senegal


- de Dacar
Fórum Social Mundial 2011
Fórum Social Mundial 2011
Em sua primeira viagem ao exterior desde que deixou o Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido, neste domingo, com status privilegiado no evento em que foi ovacionado ao se despedir da Presidência da República, no ano passado. Durante sua estada em Dacar, Lula foi recebido pelo presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, que exerce o cargo desde 2000. Nesta segunda-feira, Lula discursa à multidão aguardada no campus da universidade. O Fórum Social Mundial (FSM), a reunião anual dos ativistas antiglobalização, começou tendo como cenário os movimentos de contestação no mundo árabe, particularmente no Egito e na Tunísia, mas também no próprio Senegal, o país que o recebe.
A inauguração oficial desta décima primeira edição do FSM foi marcada por uma passeata de dez mil pessoas pelas ruas da capital senegalesa. Até 11 de fevereiro, milhares de participantes esperados estarão divididos por diversos locais, em particular a Ilha de Goré, símbolo do tráfico negreiro, para debater e propor alternativas para o capitalismo “em crise”, segundo eles.
Além do ex-presidente Lula, participam do Fórum o presidente boliviano Evo Morales, o venezuelano Hugo Chavez e a dirigente do Partido Socialista francês, Martine Aubry, entre outras personalidades. O encontro do FSM, realizado sempre logo depois do Fórum econômico mundial de Davos, se apresenta como contraponto à reunião da elite econômica e política, na exclusiva estação de esqui dos Alpes suíços.
O FSM foi criado em 2001 em Porto Alegre.
“A realização na África ilustra um dos maiores fracassos em três décadas de políticas neoliberais. Em reação, os movimentos sociais e os cidadãos do mundo se juntam aos povos africanos que se recusam a pagar o preço das crises atuais pelas quais não têm nenhuma responsabilidade”, diz a apresentação do FSM
O Senegal, país muçulmano que recebe o FSM é dirigido há onze anos por Abdulaye Wade, fervoroso partidário do liberalismo, e confrontado há meses com manifestações regulares e, às vezes, violentas de jovens. Desesperados, em meio ao desemprego e sem futuro, eles usam como pretexto os apagões recorrentes no país para protestar, a um ano da eleição presidencial, na qual Wade, 83 anos, pretende garantir um terceiro mandato.
*correiodoBrasil


Lula pede um novo modelo de desenvolvimento no Fórum Social Mundial em Dacar

Martine Aubry
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva destacou nesta segunda-feira, à margem do Fórum Social Mundial (FSM) de Dacar, a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento, em uma reunião com a líder socialista francesa Martine Aubry.
Lula e Aubry se referiram, além disso, aos trabalhos do G20 de potências desenvolvidas e países emergentes, que atualmente é presidido pela França, e pediram que o grupo se concentre em questões como o desemprego.
"No G20 podem dizer que não há nenhum problema e jamais se fala de desemprego", declarou Lula, no início da reunião com a socialista francesa.
De sua parte, Aubry concordou. "Estamos fora da realidade".
Depois do encontro, Aubry explicou ter conversado com o Lula sobre o próximo G20 e a forma de trabalhar juntamente com países progressistas.
"Também falamos das relações entre a América do Sul e a África. A África começa a solucionar seus problemas, algo que a Europa não entende bem, mas outros países como a China e a Índia já compreenderam", assegurou.
"É necessário refletir sobre a forma com que podemos estabelecer juntos as bases de outros modelo de desenvolvimento. Lula tem a convicção de que hoje em dia não existe um líder no mundo, e principalmente na Europa, capaz de levar adiante essa mudança", acrescentou.
O FSM, a reunião anual antiglobalização que neste ano coincide com os protestos populares no mundo árabe, começou neste domingo em Dacar com uma passeata de milhares de pessoas e com a participação, entre outros, do presidente boliviano Evo Morales.
O número de participantes da manifestação foi avaliado em 10 mil por jornalistas no início do protesto, e chegou a 60 mil, segundo os organizadores, quando terminou com um comício em uma grande praça de Dacar.
Entre os participantes, encontrava-se o presidente boliviano Evo Morales e Aubry.
Esta é a segunda vez desde a sua criação, em 2001 em Porto Alegre, que o Fórum é realizado na África, após a edição de Nairobi de 2007.
AFP

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