Local da chacina, a Praça da Sé, no centro de São Paulo, receberá no domingo (19) um acampamento formado por militantes de diversos movimentos sociais
Patrícia Benvenuti - Brasil de Fato
Entre 19
e 22 de agosto de 2004, sete moradores de rua foram assassinados com
golpes na cabeça enquanto dormiam na Praça da Sé, no centro de São
Paulo. Os ataques também deixaram oito pessoas feridas.
Para
lembrar os oito anos do “Massacre da Sé”, organizações e movimentos
sociais realizam diversas atividades para cobrar punição aos
responsáveis e denunciar as atuais violações contra a população em
situação de rua.
No
domingo (19), Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, as
açõesiniciarão às 19h no Vale do Anhangabaú, de onde sairá uma caminhada
rumo à Praça da Sé. Ali, serão realizadas atividades culturais e será
montado o Acampamento da Cidadania, onde os participantes passarão a
noite.
Na segunda-feira
(20), os manifestantes se reunião na Quadra do Sindicato dos Bancários
e, de lá, seguirão até a Faculdade de Direito da USP, onde se reunirão
com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. No encontro, será
apresentada uma carta-compromisso, que cobra políticas públicas
articuladas entre diversas pastas para garantir a estruturação de uma
rede de proteção às pessoas em situação de rua.
“Essa
população não está na rua porque quer, é porque existe muita omissão do
Estado. Por isso cobramos políticas de saúde e moradia”, explica o
integrante do Movimento Nacional da População de Rua Anderson Lopes
Miranda.
Além de
São Paulo, haverá atividades em Belo Horizonte, Salvador, Curitiba,
Distrito Federal, Fortaleza, Porto Alegre, Florianópolis e Vitória.
Impunidade
Segundo
investigações policiais, os crimes estariam relacionados a um esquema de
proteção clandestina e tráfico de drogas, comandado pelos autores da
chacina. As mortes teriam ocorrido para silenciar os moradores de rua,
que sabiam do envolvimento de policiais militares. De acordo com o
Ministério Público, algumas agressões teriam sido feitas para encobrir o
verdadeiro motivo dos ataques.
Foram
denunciados seis PMs e um segurança particular. Três soldados chegaram
ser presos, mas foram soltos ainda em 2004 por falta de provas.
Em março
deste ano, a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), negou recurso do Ministério Público que tentava levar a
julgamento quatro policiais militares acusados de envolvimento no
massacre.
Dados do
Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação
de Rua e Catadores (CNDDH) revelam que, a cada dois dias, um morador em
situação de rua é assassinado no Brasil. De fevereiro de 2011 a maio de
2012, foram registrados 195 casos de homicídios contra moradores de rua
em todo o país.
“Todo dia tem população de rua apanhando, levando pedrada, tomando tiro, não podemos aceitar isso”, diz Miranda.
*Mariadapenhaneles
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