USP rejeita negros e pobres; Uerj e Unicamp defendem inclusão
Estudos
realizados pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pela
Universidade de Campinas (Unicamp) mostraram que o desempenho médio dos
alunos que entraram na faculdade graças ao sistema de cotas é superior
ao resultado alcançado pelos demais estudantes.
Tradicionalmente a USP descarta a adoção de qualquer tipo de cota, sempre indicando valorizar exclusivamente o mérito.
A USP entende que o sistema de bônus
do Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), voltado a alunos de
escola pública, independentemente da cor da pele, já atende às demandas
por inclusão. O Inclusp foi adotado a partir de 2007 e dá bônus na nota
do vestibular a esses alunos, independentemente da cor da pele.
O Núcleo de Consciência Negra da USP luta há anos para mudar esta realidade.
Em resposta, a reitoria tem ameaçado
fechar o espaço onde o Núcleo de Consciência Negra desenvolve cursinhos
populares para o vestibular. A inciativa envolve professores voluntários
que sonham em ver a reserva de vagas com cota racial uma realidade na
maior universidade do país.
“Além de dar acesso à população, a
universidade tem que criar as condições para que estas pessoas
permaneçam na universidade para que não haja evasão”, defendeu Leandro
Salvático, coordenador do Núcleo de Consciência Negra.
Apesar da pressão e com amplo apoio e reconhecimento da comunidade
acadêmica, o Núcleo tem se mantido dentro da universidade com o
“famigerado” espaço onde continua a realizar seu cursinho popular.
Segundo a Fuvest, fundação que
realiza o vestibular, a participação de alunos de escola pública na USP
chegou a 28% em 2012, ante 26% no ano passado. Se calculados os
ingressantes negros e pardos, eles representaram 13,8 % dos aprovados no
vestibular deste ano. No ano anterior, esse porcentual era de 13,4%. Os
pardos registraram pequeno aumento, de 10,6% para 11,2%.
Os candidatos que se declararam
negros representaram 2,6%, ante 2,8% em 2011. Neste ano, foram aprovados
283 estudantes negros, de um total de 10.766.
Levantamento feito em junho pelo
Estado de S. Paulo, com dados do vestibular de 2011, mostrou que, em
cinco anos, apenas 0,9% – o equivalente a 77 alunos – dos matriculados
em Medicina, Direito e na Escola Politécnica eram negros.
Em Medicina, por exemplo, nenhum
negro havia passado nos vestibulares de 2011 e 2010. Esse recorte do
vestibular de 2012 ainda não está disponível.
A
USP sempre sofreu críticas em relação ao perfil dos estudantes que
ocupam suas vagas – a maioria absoluta vem de escolas particulares.
Além do Inclusp, a universidade
inaugurou a partir deste ano um novo modelo de bonificação para alunos
de escola pública.
Para quem sempre estudou em escola pública – do ensino fundamental ao
médio –, a universidade criou o Programa de Avaliação Seriada da USP
(Pasusp).
Neste ano, o primeiro após a mudança
nos critérios, o bônus chegou a até 15%, de acordo com o desempenho do
estudante na Fuvest. Para participar, o aluno precisa estar cursando o
ensino médio e realizar as provas no 2º e no 3º anos.
O desempenho dos cotistas
O primeiro levantamento sobre o tema,
feito na Uerj em 2003, indicou que 49% dos cotistas foram aprovados em
todas as disciplinas no primeiro semestre do ano, contra 47% dos
estudantes que ingressaram pelo sistema regular.
No início de 2010, a universidade
divulgou novo estudo, que constatou que, desde que foram instituídas as
cotas, o índice de reprovações e a taxa de evasão totais permaneceram
menores entre os beneficiados por políticas afirmativas.
A Unicamp, ao avaliar o desempenho
dos alunos no ano de 2005, constatou que a média dos cotistas foi melhor
que a dos demais colegas em 31 dos 56 cursos.
Entre os cursos que os cotistas se
destacaram estava o de Medicina, um dos mais concorridos – a média dos
que vieram de escola pública ficou em 7,9; a dos demais foi de 7,6.
A mesma
comparação, feita um ano depois, aumentou a vantagem: os egressos de
escolas públicas tiveram média melhor em 34 cursos. A principal
dificuldade do grupo estava em disciplinas que envolvem matemática.
do blog Pragmatismo Politico
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