A guerra no Mali: “Deus ajude o povo de qualquer país com recursos naturais a serem explorados”.
Via Resistir.info
O país é um Eldorado de urânio, ouro, petróleo e minerais estratégicos
R. Teichman
O governo francês declarou que:
"enviaria 2500 soldados para apoiar a tropa do governo do Mali no conflito contra rebeldes islamistas. A França já deslocou cerca de 750 soldados para o Mali e aviões franceses chegaram a Bamako na manhã de terça-feira ...Continuaremos a instalação de forças no terreno e no ar ...Temos um objectivo. Assegurar que quando deixarmos [o país], quando finalizarmos nossa intervenção, o Mali está seguro, tem autoridades legítimas, um processo eleitoral e não há mais terroristas a ameaçar o seu território". [1]
Assim,
esta é a narrativa oficial da França e daqueles que a apoiam. E
naturalmente isto é amplamente relatado nos media de referência.
A
França é apoiada por outros membros da NATO. O secretário da Defesa dos
EUA, Leon Panetta, confirmouj que os EUA estava a fornecer inteligência
às forças francesas no Mali. [2]
O Canadá, a Bélgica, a Dinamarca e a Alemanha também apoiaram
publicamente a incursão francesa, prometendo apoio logístico no
esmagamento dos rebeldes. [3]
Se
acreditarmos nesta narrativa seremos enganados mais uma vez acerca das
razões reais. Uma olhadela aos recursos naturais do Mali revela do que
realmente se trata.
Recursos naturais do Mali [4]
Ouro: O
Mali é o terceiro maior produtor da África, com exploração em grande
escala em andamento. O país é famoso pelo seu ouro desde os dias do
grande Império Maliano. Na peregrinação a Meca do Imperador Kankou
Moussa, em 1324, a sua caravana transportava mais de 8 toneladas de
ouro! O Mali portanto tem sido um país mineiro durante mais de meio
milénio.
Actualmente há sete minas de ouro em
operação no Mali, as quais incluem: Kalana e Morila no Sul do país,
Yatela, Sadiola e Loulo no Ocidente, e minas que recentemente
recomeçaram a produzir, nomeadamente Syama e Tabakoto. Projectos de
exploração avançada incluem: Kofi, Kodieran, Gounkoto, Komana,
Banankoro, Kobada e Nampala.
Urânio: sinais
encorajadores e exploração em plena actividade. A exploração está a ser
executada por várias companhias com indicações claras de depósitos de
urânio. O potencial de urânio localiza-se na área de Falea, a qual
abrange 150 km2 da bacia Falea-Guiné do Norte, uma bacia sedimentar
neoproterozoica assinalada por anomalias radiométricas significativas.
Pensa-se que o potencial de urânio em Falea é de 5000 toneladas. O
Projecto Kidal, na parte Nordeste do Mali, com uma área de 19.930 km2,
abrange uma grande província geológica cristalina conhecida como L'Adrar
Des Iforas. O urânio potencial no depósito Samit, só na região de Gao, é
estimado em 200 toneladas.
Diamantes: O
Mali tem potencial para desenvolver sua exploração de diamantes. Na
região administrativa de Kayes (Região mineira 1), foram descobertos
trinta (30) filões quimberlíticos dos quais oito mostram traços de
diamantes. Cerca de oito pequenos diamantes foram encontrados na região
administrativa Sikasso (Sul do Mali).
Pedras preciosas:
-Círculo de Nioro e Bafoulabe: Granadas e minerais magnéticos raros
-Círculo de Bougouni e Bacia Faleme: Pegmatite
-Le Gourma: granadas e corindons
-L'Adrar des Ilforas: pegmatite e minerais em metamorfose
-Zona Hombori Douentza: quartzo e carbonatos
-Minério de ferro e manganês: Recursos
significativos mas ainda não explorados. Segundo estimativas o Mali tem
mais de 2 milhões de toneladas de reservas potenciais de minério de
ferro localizadas nas áreas de Djidian-Kenieba, Diamou e Bale.
-Bauxita: as
reservas são estimadas em 1,2 milhão de toneladas, localizadas em Kita,
Kenieba e Bafing- Makana. Traços de manganês foram encontrados em
Bafing-Makana, Tondibi e Tassiga.
-Depósitos de rocha calcárea: 10
milhões de toneladas est. (Gangotery), 30 milhões est. (Astro) e Bah El
Heri (Norte de Goundam) 2,2 milhões de toneladas est.
-Cobre: potencailidades em Bafing Makan (Região Ocidental) e Ouatagouna (Região Norte)
-Mármore: Selinkegny (Bafoulabe) 10,6 MT de reservas estimadas e traços em Madibaya
-Gesso: Taoudenit (35 MT est.), Indice Kereit (Nord de Tessalit) 0,37 MT est.
-Caulim: Potential de reservas estimadas (1MT) localizado em Gao (Região Norte)
-Fosfato: Reserva
localizada em Tamaguilelt, produção de 18 mil t/ano e um potencial
estimado de 12 milhões de toneladas. Há quatro outros depósitos
potenciais no Norte, de 10 milhões de toneladas.
-Chumbo e zinco: Tessalit na Região Norte (1,7 MT de reservas estimadas) e traços em Bafing Makana (Região Ocidental) e Fafa (Norte)
-Lítio: Indicações em Kayes (Região Ocidental) e potencial estimado de 4 milhões de toneladas em Bougouni (Região Sul)
-Xisto betuminoso: Potencial estimado em 870 milhões de toneladas, indicações encontradas em Agamor e Almoustrat na Região Norte.
-Linhita: Potential estimado em 1,3 milhão de toneladas, indicações encontradas em Bourem (Região Norte)
-Sal gema: Potencial estimado de 53 milhões de toneladas em Taoudenni (Região Nore)
-Diatomite: Potencial estimado de milhões de toneladas em Douna Behri (Região Norte)
O potencial petrolífero do Mali já atrai interesses significativos de investidores
O
potencial petrolífero do Mali tem sido documentado desde a década de
1970 quando pesquisa sísmica e perfurações esporádicas revelaram
indicações prováveis de óleo. Com o crescente preço mundial dos recursos
de petróleo, o Mali avançou a sua promoção e pesquisa para a
exploração, produção e potencial exportação do petróleo. O Mali também
poderia proporcionar uma rota de transporte estratégica para as
exportações de petróleo e gás sub-saarianas para o Ocidente e há a
possibilidade de conectar a bacia Taoudeni ao mercado europeu através da
Argélia.
Já começaram trabalhos de
reinterpretação de dados geofísicos e geológicos efectuados
anteriormente, centrando-se em cinco bacias sedimentares no Norte do
país incluindo: Taoudeni, Tamesna, Ilumenden, Ditch Nara e Gao.
Isso é o que há
Não
importa o que seja dito nos media de referência: o objectivo desta nova
guerra não é outro senão despojar mais um país dos seus recursos
naturais, assegurando o acesso aos mesmos das corporações
internacionais. O que está a ser feito agora no Mali através de bombas e
balas está a ser feito à Irlanda, Grécia, Portugal e Espanha através da
escravização pela dívida.
O povo sofre e morre
O Guardian informou há dois dias [5] :
"O custo humano ainda não foi calculado, mas um comunicado lido na televisão do estado sábado passado diz que pelo menos 11 malianos foram mortos em Konna."Sory Diakite, o presidente da municipalidade de Konna, afirma que entre os mortos havia crianças afogadas depois de se lançarem a um rio numa tentativa de escapara às bombas."Outros foram mortos nos pátios das suas casas, ou fora delas. O povo tentava fugir à procura de refúgio. Alguns afogaram-se no rio. Pelo menos três crianças lançaram-se ao rio. Tentavam nadar para o outro lado. E tem havido danos significativos da infraestrutura", disse o presidente, que fugiu da cidade com a sua família e agora está em Bamako".
Quem sabe qual será hoje o total de mortes?
Deus ajude o povo de qualquer país com recursos naturais a serem explorados.
+*GilsonSampaio
Nenhum comentário:
Postar um comentário