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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 13, 2013

Cristina Kirchner felicita desafeto político por ter sido nomeado papa

Mario Jorge Bergoglio é uma das vozes mais críticas ao governo da presidenta e se opôs fortemente à aprovação da união civil entre homossexuais: 'É coisa do diabo'
Cristina Kirchner felicita desafeto político por ter sido nomeado papa
Na Casa Rosada, Bergoglio e Cristina, cujas relações políticas nunca foram boas (Foto: Divulgação)
São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, divulgou por sua conta de Twitter uma nota em que felicita o cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, por ter sido nomeado papa hoje (13) durante conclave realizado no Vaticano. Batizado como Francisco I, Bergloglio vai suceder o alemão Joseph Ratzinger, conhecido como Bento XVI, no comando da Igreja Católica. O religioso argentino é o primeiro latino-americano indicado para o cargo.
"Em meu nome, em nome do governo argentino e em representação do povo do nosso país, quero felicitá-lo por ter sido eleito como novo Sumo Pontífice", escreveu a presidenta. "É nosso desejo que, ao assumir a condução da Igreja, tenha uma frutífera tarefa pastoral, desempenhando tão grandes responsabilidades em posse da justiça, igualdade, fraternidade e paz da humanidade."
As congratulações burocráticas da presidenta refletem a relação que manteve com Bergoglio durante seu governo. Além de ser acusado como colaborador do regime militar argentino, o cardeal de Buenos Aires era uma voz crítica à administração de Cristina. Em 2010, quando o governo impulsionou um projeto para legalizar a união civil entre casais do mesmo sexo, Bergoglio escreveu uma carta em que classificava a iniciativa como uma "pretensão" para destruir o "plano de Deus".
"Está em jogo a identidade e a sobrevivência da família: papai, mamãe e filhos", continuava a missiva, endereçada a freiras do interior. "Está em jogo a vida de muitas crianças que serão discriminadas de antemão, privadas da maturação humana que Deus quis que ocorresse com um pai e uma mãe. Está em jogo o rechaço frontal à lei de deus, gravada em nossos corações."
O cardeal advertiu a seus seguidores que não fossem ingênuos, e que estivessem alertas para o fato de que a aprovação da união civil entre homossexuais não era apenas uma luta política ou um mero projeto legislativo: "trata-se de um movimento do Pai da Mentira, que pretende confundir e enganar os filhos de Deus", em referência ao diabo. Na época, o religioso foi duramente criticado pela presidenta.
*redeBrasilatual

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