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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 16, 2014

Gravidez na adolescência, um problema social

gravidez na adolescenciaNo Brasil, a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1,1 milhão de adolescentes engravidam por ano, e meninas de 10 a 20 anos respondem por 25% dos partos feitos no país. Esses números só confirmam que a gravidez na adolescência é um problema social grave.
Com poucas informações e uma vida sexual ativa cada vez mais precoce, muitas adolescentes estão engravidando numa fase da vida em que se encontram despreparadas para assumir as responsabilidades de ser mãe com todas suas implicações que a maternidade provocam. Ao se tornarem mães, estas adolescentes acabam deixando de lado uma importante fase de suas vidas; algumas abandonam os estudos, outras buscam o aborto clandestino, colocando em risco sua existência, outras fogem de casa por rejeição de sua família, enfim, a gravidez na adolescência, em geral, é causa de muito sofrimento, em especial para as adolescentes.
No nosso país o povo vive à mingua, sem apoio do Estado, e a juventude é uma das parcelas que mais sofre, em especial os adolescentes das classes desfavorecidas da sociedade, que enfrentam com mais intensidade o preconceito, o machismo, a ditadura da beleza e as cobranças de submissão a modelos e padrões preconcebidos, além de todas as injustiças sociais.
A falta de políticas públicas, aliada à exposição exagerada do sexo na mídia, fazem com que essa maioria dos jovens tenha o sexo como única alternativa de lazer, esporte, divertimento e prazer. Os resultados então são catastróficos em especial para as meninas.
Tendo em conta essa realidade, e procurando assumir o papel de conscientização da necessidade da luta para as mulheres, que, desde muito novas, sentem as consequências dessa sociedade opressora, desigual e machista, o Movimento de Mulheres Olga Benário de Pernambuco, vem, juntamente com a União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe), organizando debates sobre essa temática nas escolas públicas na Região Metropolitana do Recife.
A experiência tem sido muito rica e os debates intensos, já que essa realidade é tão presente na vida de todos. A Escola Pública, enquanto instituição, com todas suas deficiências e carências, não tem condições de responder nem dar suporte às suas alunas grávidas, tão pouco os postos de saúde. E a gravidez não pode ser visto como um questão individual pois na verdade já se tornou-se um problema social.
O debate deixa a nu o Estado capitalista que não investe em sua população, não apoia sua juventude, não dá guarida aos desamparados, que só tem que contar com sua organização para cobrar, das autoridades constituídas seus direitos constitucionais e sua luta para mudar sua realidade, pondo no lugar deste Estado capitalista que tanto maltrata nosso povo, um Estado que se baseie nas reais necessidades do povo pobre e trabalhador, que sustenta uma minoria rica e deixa ao relento a grande maioria de sua população.
Alais Santos e Guita Marli – Coordenadoras do Movimento de Mulheres Olga Benário
*Averdade

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