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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 02, 2015



De acordo com a denúncia levantada pela Rede Record, a emissora da família Marinho anexou a sua sede um terreno de quase 12 mil metros quadrados pertencente ao governo do estado. O governo do PSDB não só autorizou a invasão como agora irá financiar uma escola no local

Por redação, com informações de agências

A Rede Record voltou a denunciar a invasão de um terreno público feito pela Rede Globo. O anúncio trouxe a tona o acordo criminoso entre a emissora e o governo de José Serra (PSDB).
O terreno, localizada no Brooklin, em uma das regiões mais valorizadas em São Paulo, fica ao lado da sede da Rede Globo na zona Sul da capital. A emissora, sem nenhuma licitação ou autorização, simplesmente anexou o terreno que pertencia ao governo sob a desculpa de que estava “conservando a área”. A desculpa é mais um descaramento da emissora. É óbvio que não se tratava de preservar a área, mas de tomá-la para uso privado, tanto é assim que o terreno foi cercado e a população impedida de entrar no local que antes era uma pracinha de uso público.
De acordo com as denúncias, “[O] terreno de 11.618 metros quadrados, anexo a sede da Rede Globo na zona Sul de São Paulo, foi ocupado ilegalmente pela emissora (Globo) durante 11 anos. O local onde se localizava o terreno era em uma praça avaliada em mais de R$ 11 milhões de reais. O local funcionava como pista de cooper para os funcionários da emissora. A área estava cercada como propriedade particular, onde ninguém podia entrar. O terreno que foi ocupado ilegalmente pela emissora pertence ao Governo do Estado de São Paulo, (especificamente a secretaria de Planejamento e Economia) e não a Globo”
A invasão ocorreu com o total apoio do governo, que em nenhum momento, em 11 anos de posse ilegal, procurou rever o terreno, uma prática corriqueira quando se trata de ocupações realizas pela população, a exemplo das ocupações realizado pelos sem-terra, onde a burguesia não só determina a reintegração de pose, como a faz com uma violência brutal. O cinismo do governo do PSDB é tamanho que diante da denúncia, o governo ao invés de rever a posse do terreno, anunciou que irá fechar uma parceria com a Globo para a construção de uma Escola Técnica Estadual (Etec), que não por acaso ter´um curso de áudiovisual e terá o nome de “Escola Roberto Marinho”. Ou seja, o governo não só autorizou a invasão como agora irá financiar uma escola para a Rede Globo.
Essa não é a primeira vez que os empresários tomam posse de forma ilegal das terras do Estado, pelo contrário. Essas invasões são corriqueiras e ocorrem com o total aval dos governos e da Justiça burguesa. Um exemplo emblemático é o da Curtale, uma das maiores empresas produtoras de suco de laranja do mundo possuindo 30% do mercado mundial. A empresa se apossou de mais de 2,7 mil hectares pertencentes à União. O que chamou a atenção nesse caso foi a enorme campanha da burguesia contra os sem-terra que organizaram uma ocupação na fazenda tomada pela empresa. Os jornais burgueses publicaram dezenas de matérias para incriminar a ocupação realizada pelos trabalhadores, acusando-os de “Vandalismo sem limites”. Ou seja, quando se trata de uma ocupação realizada pelos sem-terra, o que se vê é toda uma ofensiva da direita contra os trabalhadores do campo, entretanto quando os invasores são a Rede Globo ou a Cutrale, a medida é não apenas justificada como apoiada pelos governos e imprensa capitalistas.

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