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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 05, 2015

A raposa e o galinheiro. Dinheiro público para aeroporto da família milionária de Aécio ajudará tio de Aécio a quitar dívida sem pagar um centavo

A Justiça de Minas Gerais autorizou um parente do senador Aécio Neves (PSDB-MG) a quitar uma antiga pendência judicial sem desembolsar um centavo, graças a uma indenização que ele receberá do Estado pela desapropriação do terreno onde o aeroporto da cidade de Cláudio (MG) foi construído quando Aécio era o governador. - Aeroporto particular da família de Aécio.Tio-avô do senador tucano, o fazendeiro Múcio Tolentino, 90, foi condenado em maio deste ano a devolver aos cofres públicos o dinheiro gasto para fazer uma pista de pouso que existia no local antes da construção do aeródromo do município.


A pista antiga, de terra batida, foi construída pela prefeitura de Cláudio em 1983, quando o próprio Múcio era o prefeito da cidade, e com dinheiro do Estado, que na época era governado por Tancredo Neves (1910-1985), de quem o fazendeiro era cunhado.
Como a pista ficava dentro da fazenda de Múcio, o Ministério Público entendeu que ele se apropriou de um bem público e entrou com ação civil contra ele. Por causa dessa ação, a área foi bloqueada pela Justiça e Múcio ficou impedido de vendê-la.
Em 2008, o governo estadual decidiu construir um aeródromo no lugar e desapropriou a área, depositando R$ 1 milhão numa conta judicial para garantir o pagamento da indenização. A Justiça determinou que o pagamento só fosse feito após a conclusão da ação civil movida antes contra Múcio.
A sentença com a condenação do fazendeiro foi publicada no dia 20 de maio deste ano. Em valores atualizados, o tio-avô de Aécio terá que restituir aos cofres públicos cerca de R$ 250 mil.
Em sua decisão, o juiz Jacinto Copatto Costa reconheceu a dívida como quitada, após o valor ter sido separado da indenização que o fazendeiro ainda tem a receber pela desapropriação do terreno.
Se a Justiça mantiver o valor da indenização proposta pelo Estado, de R$ 1 milhão, Múcio receberá pelo menos R$ 750 mil pela área, já descontado o valor que ele foi condenado a devolver por causa da outra ação. No processo, o fazendeiro chegou a pedir R$ 9 milhões pelo terreno.
ESCOLHA
A Folha revelou em julho do ano passado que o governo Aécio construíra o aeroporto dentro da fazenda do tio. O senador tucano e o governo mineiro disseram na época que a área foi escolhida por ser a opção mais econômica para o Estado, e não para beneficiar o parente de Aécio.

 

O Ministério Público Estadual abriu no ano passado um inquérito sobre a obra, mas em agosto deste ano arquivou o caso. Os promotores concluíram que não houve nenhuma irregularidade na escolha do terreno e na construção do aeroporto de Cláudio.


O governador tucano de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) (Aécio governou Minas Gerais de 2003 a 2010), gastou quase R$ 14 milhões para construir um aeroporto dentro de uma fazenda de um de seu tio, durante seu segundo mandato de Aécio como governador de Minas.
Cara de pau. A resposta de Aécio chama o povo brasileiro de burros
Em nota enviada à Folha, o diretório do PSDB de Minas Gerais afirmou que não houve "artifício para beneficiar Aécio e familia" e disse que a decisão do governo estadual de construir o aeroporto no local foi tomada por ser a mais econômica para o Estado, em razão da existência da antiga pista de terra batida no lugar.

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