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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 09, 2015

Globo esconde Operação Zelotes: Não tem nenhum petista envolvido

R$ 580 bilhões de prejuízos aos cofres públicos e silêncio na imprensa

A Polícia Federal deflagrou na quinta-feira (3) a segunda etapa da Operação Zelotes, que apura a existência de um bilionário esquema de sonegação de tributos no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.

As primeiras denúncias da Operação Zelotes, que apura um esquema de propinas e tráfico de influência no Conselho Administrativo de Recursos Fiscal (Carf), devem ser apresentadas ainda este mês. Segundo o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Frederico Paiva, que está à frente das investigações, seis empresas devem ser denunciadas nos próximos dias por crime de sonegação de impostos e corrupção no Carf. Uma delas poderá ser gaúcha. Atualmente são 20 empresas investigadas.

A iniciativa não produziu o mesmo alarido que têm gerado as ações da Lava Jato. Seja pela presença de políticos entre os envolvidos, seja pelo ritmo acelerado com que suas etapas se sucedem, as investigações sobre desvios também bilionários na Petrobras costumam atrair muito mais atenção.

Se dependesse somente das cifras movimentadas, contudo, as duas operações mereceriam tratamento igualitário. Representantes da PF já afirmaram que as fraudes no Carf deixaram para os cofres públicos um prejuízo de quase R$ 6 bilhões, pelo menos.

Estão sob suspeita 74 processos relacionados com dívidas tributárias de grandes empresas. De acordo com os investigadores, integrantes do Carf –espécie de tribunal da Receita Federal– recebiam propina para diminuir ou até cancelar débitos com o fisco.

Como das decisões do órgão não cabe recurso, pode-se imaginar que muitos empresários viam no esquema uma grande oportunidade de economizar dinheiro.

Pode-se imaginar, além disso, que o desfalque tenha sido ainda maior. Basta dizer que, somadas todas as pendências hoje em discussão no Carf, chega-se a nada menos que R$ 580 bilhões.

Entende-se assim por que o conselho teve suas atividades suspensas durante quatro meses após a primeira fase da Zelotes, datada de março. Quando voltou a funcionar, já se regia por novas diretrizes, em tese capazes de ampliar a transparência e a segurança das decisões tomadas.

Adotaram-se medidas óbvias, como a introdução do sorteio eletrônico para definição dos relatores e a proibição de que um conselheiro atue em causas de parentes ou de grupo econômico para o qual tenha trabalhado. É espantoso que tais regras não vigessem antes.

Para além dessas bem-vindas reformas administrativas, é de esperar que a Operação Zelotes logo resulte em denúncias e julgamentos dos envolvidos –para nada dizer do pagamento dos bilhões devidos. No que respeita à celeridade, a comparação com a Lava Jato pode ser bastante instrutiva.

Os Amigos doPresidente Lula

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