Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 06, 2012

#Chupa racismo!: Ginasta americana refuta polêmica sobre cabelo: "eu fiz história"

Gabby Douglas está revoltada com comentários focados em sua aparência ao invés da performance. Foto: AP
Gabby Douglas está revoltada com comentários focados em sua aparência ao invés da performance
Foto: AP

A polêmica em torno do cabelo da americana Gabby Douglas após a conquista do individual geral da ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Londres não afetou a atleta. Ao invés de se ater às críticas que recebeu por parte das americanas, principalmente mulheres, nas redes sociais, ela preferiu exaltar seu feito: o de primeira negra na história das Olimpíadas a levar a medalha dourada no individual geral da ginástica artística.

Em entrevista ao jornal americano USA Today, Douglas disse desconhecer de onde vem toda essa polêmica. Sem ligar para o que dizem de sua aparência, afirmou que simplesmente colocou um pouco de gel, prendeu o cabelo e o jogou para trás. A atleta ainda perguntou se estavam brincando com ela, já que acabou de fazer história e a discussão gira em torno do seu cabelo.
Os comentários sobre o cabelo de Gabby Douglas ganharam o Twitter e o Facebook logo após o ouro da ginasta, na última quinta-feira. Nos Estados Unidos, a aparência do cabelo costuma ter grande importância para as mulheres negras, sendo seu estado uma questão racial importante. Em postagens, algumas pessoas reclamavam que, com o cabelo supostamente feio, a atleta não representou bem o país nem a comunidade afro-americana.
Sem medo de ser julgada, a ginasta disse que todos são lindos de dentro para fora. Ela ainda complementou que as pessoas deveriam parar de se preocupar com coisas como a aparência do cabelo e avisou que não vai mudar nada por causa das mensagens.
Gabby Douglas ainda voltará a se apresentar duas vezes na ginástica artística em Londres. Nesta segunda, a americana compete nas barras assimétricas, enquanto na terça compete na trave olímpica. A atleta também alertou que, portanto, os comentários têm que acabar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário