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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 01, 2013

John Neschling assume Theatro Municipal Demitido da Osesp há quatro anos, regente volta a trabalhar com o PT após desentendimentos com o PSDB. Maestro foi responsável pela transformação da Osesp no paradigma brasileiro de qualidade na música erudita.


John Neschling assume Theatro Municipal
Demitido da Osesp há quatro anos, regente volta a trabalhar com o PT após desentendimentos com o PSDB
Maestro foi responsável pela transformação da Osesp no paradigma brasileiro de qualidade na música erudita
IRINEU FRANCO PERPETUO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O maestro carioca John Neschling, 65, vai comandar o Teatro Municipal de São Paulo. Apadrinhado pelo candidato derrotado à prefeitura pelo PMDB, Gabriel Chalita, o nome de Neschling recebeu o aval do prefeito, Fernando Haddad (PT), e do secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira.
Em 2010, quando era ministro da Cultura, Juca deu apoio à Companhia Brasileira de Ópera, iniciativa de Neschling que percorreu o país com a ópera "O Barbeiro de Sevilha", de Rossini.
Atualmente ele mora na Suíça e não dirige nenhuma orquestra.
PT E PSDB
Neschling trabalhou no Municipal em 1989 e 1990, durante a gestão petista de Luiza Erundina.
Mas sua grande marca na vida musical da cidade ocorreu entre 1997 a 2009, levando a cabo um vigoroso programa de reformulação que, com apoio político e financeiro de sucessivos governos estaduais tucanos, estabeleceu a Osesp como principal orquestra do país.
Durante a gestão de José Serra (PSDB) no governo do Estado, contudo, começou a fritura de Neschling, demitido da orquestra em janeiro de 2009, depois de uma entrevista na qual criticava a Fundação Osesp.
Em agosto de 2012, ele retornou à Sala São Paulo para reger um concerto da Orquestra Suíça Italiana. O público recebeu-o com prolongadas ovações e gritos de "volta".
Neschling retorna à cidade no momento em que a sinfônica que projetou internacionalmente passa por um momento de crise.
Músicos da Osesp estão em conflito com o diretor artístico Arthur Nestrovski desde novembro, quando a revista "Veja São Paulo" publicou uma matéria chamando-o de "motor da orquestra".
Não se sabe quanto Neschling, que recebia em torno de R$ 100 mil mensais da Osesp, vai ganhar para dirigir o teatro. Procurado, o maestro não foi encontrado para comentar a nomeação.

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