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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 18, 2013

Evangélicos miram comissões com poder de barrar temas sensíveis a igrejas 
Congresso em Foco


Presença do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na Comissão de Direitos Humanos do Câmara faz parte de uma estratégia mais ampla da frente evangélica, informa O Estado de S. Paulo.


O Estado de S. Paulo
Evangélicos miram comissões que têm poder de barrar temas sensíveis a igrejas
A presença do pastor Marco Feliciano (PSG-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara não é um fato isolado. Faz parte de uma estratégia mais ampla da Frente Parlamentar Evangélica, que reúne 68 deputados. Ela tem direcionado forças para as comissões que tratam das reivindicações dos gays por direitos iguais aos dos outros grupos da sociedade, da flexibilização das nor-ínas sobre aborto e de políticas sobre drogas.
Os atritos com grupos de direitos civis, movimentos de direitos humanos, pró-aborto e em defesa da laicização do Estado só tendem a intensificar nas comissões que tratam desses temas. Desde o início do ano, a frente ocupa 18 das 72 cadeiras da Comissão de Seguridade Social e Família, cuja atribuição é analisar projetos ligados à saúde pública, como consumo de drogas e bebida alcoólica por jovens, e à família, como aborto e proteção à criança. Do grupo evangélico, seis são titulares na comissão e os outros 12, suplentes.
De cada 7 deputados, 1 faz parte da bancada
Um em cada sete deputados faz parte da bancada evangélica – registrada oficialmente na Câmara como Frente Parlamentar Evangélica. Segundo dados do grupo, 68 dos 543 parlamentares da Casa integram o bloco.
Os partidos com maior participação na frente são o PR, o PSC e o PRB. Quase metade das bancadas dessas três siglas somadas é composta de integrantes do grupo religioso.
Onze dos 34 deputados do PR com assento na Câmara estão inscritos na frente, incluindo o líder do partido na casa, Anthony Garotinho (RJ). A legenda agrega um grande número de evangélicos não pentecostais -oriundos principalmente das , Igrejas Batista e Presbiteriana, que são denominações de formação mais antigas, conhecidas como históricas.
‘Nossa atuação é política, não religiosa’, diz deputado
Em entrevista ao Estado, o coordenador da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), disse que o grupo tem procurado concentrar as atenções em temas que considera prioritários e ampliar o leque de alianças.
Qual o critério que a frente usa para atuar nas comissões?
Elencamos os temas que consideramos prioritários e damos atenção especial a eles nas comissões. Nossas prioridades envolvem questões éticas, valores, aborto, família, direitos civis, drogas. Temos um grupo especialmente dedicado à questão das drogas, um assunto que nos sensibiliza muito e para o qual as igrejas evangélicas têm ofertado uma grande contribuição. Estamos trabalhando para aprovar nos próximos dias um projeto nessa área.
*Mariadapenhaneles

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