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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 18, 2013

Movimento prepara mobilização nacional contra a redução da maioridade penal




Murillo Magalhães, da Cidade Escola Aprendiz
Durante os meses de março e abril, 14 entidades e grupos, como instituições, partidos políticos, campanhas e pessoas ligadas aos direitos humanos, especialmente aos da infância e adolescência, realizarão uma série de eventos e ações online como forma de protesto à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33, que defende a redução da maioridade penal em alguns crimes.
A PEC 33, de autoria do Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A proposta defende a redução da maioridade em casos de crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo.
Por isso, essas entidades criaram o Movimento 18 Razões para a NÃO redução da maioridade penal, que não acredita que a solução para a diminuição da violência acontecerá com uma maior culpabilização e punição de crianças e adolescentes que cometerem algum tipo de infração.  A proposta é que sejam realizadas ações com a sociedade civil organizada e governos nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas.
Desde então, estão ocorrendo reuniões semanais de discussão sobre o tema e de organização da mobilização. As reuniões acontecem às segundas-feiras na sede da ONG Viração Educomunicação, em São Paulo.
 


Créditos: Murillo Magalhães
No dia 26 de março, o Movimento se somará à Jornada de Lutas da Juventude, organizada pela União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), em uma manifestação de rua que tem entre os temas a questão da posição contrária à redução da maioridade penal.
Além da UEE-SP e da ONG Viração, também fazem parte do Movimento: Ação Educativa, CEDECA Sapopemba-SP, Ciranda, Conselho Regional de Psicologia, Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Faculdade Latino-americada de Ciências Sociais, Juventude do Partido Pátria Livre (Jpl), Pastoral da Juventude (PJ), Rede de Juventude Ecumênica (REJU), Serviço de Medida Socioeducativo em Meio Aberto Centro Comunitário Castelinho, União da Juventude Socialista (UJS), e União Municipal dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP).
Confira a agenda de mobilização:
26 de março: Manifestação de rua em São Paulo, na praça da Sé, região central de São Paulo
5 de abril: Twittaço – Hashtags: #18razoes e #NaoAReducao
6 de abril: Ato simbólico em São Paulo

*promenino.org

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