Manifestantes protestam contra deputado Feliciano na presidência da CDHM
Cerca de 200 pessoas se manifestaram contra a permanência do deputado federal pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria (CDHM) da Câmara, neste sábado (16), na altura do posto 5 na praia de Copacabana. O mesmo protesto, sem a presença de partidos e com participação de religiosos de diferentes correntes ideológicas, foi realizado em outras 26 cidades, incluindo Buenos Aires, Paris e São Francisco.>> Baianos realizam novo protesto contra Feliciano
Feliciano tem sido duramente criticado por sua postura, considerada racista e homofóbica por vários segmentos sociais, diante das questões sensíveis da CDHM. Um vídeo que circula pela internet mostra o pastor pedindo a senha do cartão de um fiel. "Doou o cartão mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir um milagre para Deus e Deus não vai dar. E vai falar que Deus é ruim", disse Feliciano na ocasião. O parlamentar responde no Supremo Tribunal Federal (STF) a processo por homofobia e estelionato.
Antes de sua posse como presidente da CDHM, na quinta-feira (7), a opinião pública já havia sinalizado resistência. No dia em que assumiu o cargo houve manifestações na Câmara. O imbróglio fez com que articuladores políticos e o próprio partido chegassem a se reunir para deliberar sobre a possibilidade de retirá-lo do cargo. No entanto, o PSC garantiu Feliciano à frente da Comissão.
Um dos manifestantes, o professor de alemão e inglês Angelo Pereira, gay assumido, afirmou que a participação no protesto é um dever, ao ressaltar que a própria família representa tudo que o deputado Feliciano critica:
“Sou gay, ateu e tenho um filho negro adotado. Minha família personifica tudo que o Feliciano ataca. Eu poderia ficar em casa parado? Não! Isso é um dever cívico que todos deveriam cumprir”, disse Pereira.
Organizador do protesto, Fabrício Silva ressaltou que a cada dia a política surpreende a sociedade com fatos inusitados, mas destacou a mobilização popular para demonstrar a insatisfação com os representantes eleitos.
“Sempre vem um caso pior, como o do Feliciano, e parece que somos obrigados a aceitar, mas as pessoas estão acordando aos poucos e por isso estamos aqui. No entanto, não podemos apenas seguir uma manifestação na rua e depois ir cada para suas casas e ponto final. Precisamos nos comunicar sempre para ser um movimento crescente. Acredito que os protestos públicos estão parando de engatinhar e começando a dar os primeiros passos”, afirmou confiante Silva.
Segundo o produtor audiovisual Adriano Mattos, embora o número de pessoas no protesto não tenha sido tão expressivo como o esperado a partir das confirmações nas redes sociais - onde mais de 3,5 mil pessoas confirmaram presença - a representatividade compensa:
“É pouco numericamente, mas a representatividade é na qualidade. São pessoas de diversas áreas da sociedade como gays, cristãos, ateus e héteros, todos juntos. Ninguém tem o direito de tirar o orgulho que cada um tem por si próprio”, afirmou Mattos, lembrando que a manifestação é uma luta contra um Brasil teocrático, que para ele é o caminho que o país está seguindo.
Durante o protesto, o grito “Fora Feliciano, não me representa um deputado desumano” foi muito ouvido por quem passava pelo local. O grupo Tambores de Olokun foi o responsável pela parte musical do protesto. “Feliciano dá um tempo, deixa meu terreiro em paz. Preconceito e homofobia não vou permitir jamais” foi uma espécie de refrão criado pelo grupo especialmente para a manifestação.
Representantes do Grupo Fêmem e do Anonymous Brasil também estiveram presentes.
*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil
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