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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 21, 2013

A nova patifaria dos EUA contra a Venezuela confirma o acerto de Dilma em cancelar a visita a Obama


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E os Estados Unidos deram mais uma de Estados Unidos: proibiram o avião que conduzirá neste sábado o presidente venezuelano Maduro rumo à China de sobrevoar o céu americano.
Vaias. Vaias de pé.
É um gesto prepotente, mesquinho e inútil. Não vai impedir Maduro de ir para a China, e mostra que os Estados Unidos continuam a ver a América Latina como seu quintal.
Particularmente em relação à Venezuela, os americanos continuamente demonstram não haver superado o basta que a administração Chávez deu à predação histórica que os Estados Unidos impunham aos venezuelanos. O petróleo da Venezuela era, na prática, desfrutado pelos Estados Unidos – e mais um pequeno grupo de venezuelanos que mantinham os pobres locais num regime na prática de apartheid.
Obama frustrou as esperanças venezuelanas de uma mudança de atitude dos Estados Unidos. Ele acabou se revelando desconcertantemente parecido com Bush, sobretudo na política externa bélica e arrogante.
Os americanos continuam a pensar que podem tudo, incluído aí espionar o mundo inteiro e depois caçar quem revelou o crime de escala planetária, Snowden.
À luz de tudo isso, fica claro que foi acertada a decisão de Dilma de cancelar a visita que faria a Obama. Ele enrolou e não se desculpou pela ofensa cometida contra o Brasil com a espionagem contra alvos como Dilma e Petrobras.
Políticos e colunistas que gostam de ver o Brasil no papel submisso de vassalo americano criticaram Dilma por um suposto “nacionalismo” – como se isso em si fosse um defeito – e por imaginários danos que a decisão poderia trazer para o comércio americano.
Ora, os Estados Unidos jamais deixariam de fazer um negócio por coisas como essa – tão dominados são pela compulsão de acumular dinheiro.
E ainda que deixassem, existe algo que dinheiro nenhum compra – dignidade.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
*FlaviaLeitão

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