Por: Miguel do Rosário
O
impacto da desistência das petroleiras americanas e britânicas de
participarem do leilão de Libra já foi absorvido pelo mercado, pela
imprensa e pelo governo. Houve um receio de que a mídia brasileira, após
a saída dos americanos, levasse adiante uma campanha para melar o
leilão. Mas as empresas remanescentes tem boas assessorias e
conquistaram a simpatia dos jornais.
A própria presidente Dilma, mediante um assessor, abriu o jogo
para o Estadão: o governo federal vai sim jogar pesado para que a
Petrobrás tenha a maior fatia possível do campo de Libra, além mesmo dos
30% que é a cota mínima. BNDES e Tesouro Nacional poderão emprestar
recursos para a estatal entrar de sola no leilão.
O representante da Repsol, que deverá se associar à chinesa Sinopec e à própria Petrobrás para explorar Libra, até ligou para o Merval Pereira, para acalmá-lo. Ele (Merval) não precisa se preocupar tanto com essa história de “conteúdo nacional”, excesso de presença estatal; o executivo da multinacional espanhola, que demonstra menos medo das cláusulas nacionalistas do leilão do que Merval, esclarece que seria “burrice” não entrar agora.
A Folha amanheceu neste sábado com um caderno especial sobre petróleo, com direito a um belo infográfico sobre o campo:
O representante da Repsol, que deverá se associar à chinesa Sinopec e à própria Petrobrás para explorar Libra, até ligou para o Merval Pereira, para acalmá-lo. Ele (Merval) não precisa se preocupar tanto com essa história de “conteúdo nacional”, excesso de presença estatal; o executivo da multinacional espanhola, que demonstra menos medo das cláusulas nacionalistas do leilão do que Merval, esclarece que seria “burrice” não entrar agora.
A Folha amanheceu neste sábado com um caderno especial sobre petróleo, com direito a um belo infográfico sobre o campo:
A
fuga das americanas pode ser explicada por vários motivos. Um deles
deve ser a existência de um governo muito mais “amigo” no México, que
prometeu dar condições vantajosas para as gigantes explorarem reservas
por lá. Reportagem
recente no Washington Post informa, porém, que há um profundo
ceticismo, nas cidades mexicanas produtoras de petróleo, acerca dos
ganhos sociais decorrentes do plano do presidente da república, Enrique
Peña Nieto, de desregulamentar ainda mais o setor no país. Lá não foram
aprovadas garantias de investimentos em educação e saúde, como aqui.
Outra razão pode estar em estudo
publicado há pouco pela Reuters, segundo o qual a importação de
petróleo da China em 2020 atingirá US$ 550 bilhões, enquanto a dos EUA,
cujo pico foi US$ 330 bilhões há pouco tempo, deverá cair para US$ 160
bilhões no mesmo ano, por causa principalmente da substituição do
petróleo por xisto.
A China tem necessidades maiores que os EUA e, por isso, está disposta a estabelecer um contrato mais estável com o Brasil.
A
previsão de que os EUA substituirão petróleo por xisto, além disso,
reforça a necessidade do Brasil acelerar a extração e a venda do
petróleo em águas profundas. Não se pode nunca descartar o risco do
surgimento de fontes alternativas.
Em entrevista ao caderno especial
da Folha, Adriano Pires diz que a Libra vai render “bem menos do que se
projeta hoje”. Em se tratando de uma commodity violentamente
imprevisível, trata-se de um prognóstico que nem Mãe Dinah se atreveria a
fazer. Um especialista, ao rebaixar o valor de Libra às vésperas do
leilão, deixa bem claro que interesses representa. Mesmo Pires, contudo,
não pôde se furtar a uma obviedade. Os chineses estão dispostos a pagar
mais e melhor, por uma questão de segurança energética nacional (a sua
própria).
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