Excelente trabalho da Historiadora e
Professora Andressa Somogy de Oliveira sobre a história e a realidade
das Unidades de Polícia Pacificadora - UPP. No presente trabalho, ela
disseca o que está por trás desse plano de tutela e militarização das
favelas fluminenses. Enviado por João Claudio Platenik Pitillo,
Professor de História e Historiador Militar.
UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA:
Pacificação das favelas ou higienização social?
Resumo
O presente trabalho objetiva analisar as
Unidades de Polícia Pacificadora que, de acordo com o conceito dado
pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, teriam como
objetivo central proporcionar uma aproximação entre a população e a
polícia. Esse novo “modelo de Segurança Pública” seria a forma
encontrada pelo Governo do Rio de Janeiro para recuperar territórios
perdidos para o tráfico e levar a inclusão social à parcela mais carente
da população. Ao aprofundar a análise de tal política pública nota-se
que existe uma grande disparidade entre os verdadeiros motivos pelos
quais elas foram instaladas e os motivos alegados pela supracitada
Secretaria. Exemplo disso é o fato de as UPP’s não terem sido instaladas
nas cidades com maiores índices de violência, assim como nos locais,
dentro da cidade do Rio de Janeiro, onde há maior número de homicídios e
muito menos nas regiões onde há maior número de ações de traficantes.
Toda política pública tem sua fundamentação jurídica e segue um
postulado filosófico. Neste sentido, pretende-se tratar no presente
trabalho do mito das “classes perigosas” e da visão que criminaliza a
pobreza, enquanto justificadores e “legitimadores” desse novo modelo de
segurança pública que estão inseridas as UPP’s. Por fim, far-se-á uma
análise da (in)constitucionalidade das UPP´s, caracterizada pela
instauração de um Estado de exceção que não obedece a nenhum dos
requisitos exigidos pela Constituição Federal e das violações aos
direitos humanos que ali se perpetuam, caracterizadas, principalmente,
pela uso da violência contra os moradores das comunidades “pacificadas”.
ANDRESSA SOMOGY DE OLIVEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade
Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, como pré-requisito para obtenção do
Título de Bacharel em Direito
Orientador: Prof. Dr. Paulo César Corrêa Borges
OLIVEIRA, Andressa S. de. Unidade de Polícia Pacificadora: Pacificação das favelas ou higienização social? 2013. 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Direito) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2013.
OLIVEIRA, Andressa S. de. Unidade de Polícia Pacificadora: Pacificação das favelas ou higienização social? 2013. 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Direito) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2013.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 Políticas públicas no Rio de Janeiro e a criminalização da pobreza
1.1 Panorama histórico das políticas higienistas no Rio de Janeiro
1.1.1 Do final do século XIX à década de 1920
1.1.2 Do governo Vargas à Ditadura Militar
1.1.3 Do governo de Leonel Brizola ao governo de Sérgio Cabral
1.2 O “medo sociopolítico” e a cultura do medo
1.3 Criminalização da pobreza e comprovação científica da periculosidade dos pobres
1.4 Breve análise a partir do documentário “Notícias de uma guerra particular”
CAPÍTULO 2 Unidades de Polícia Pacificadora
2.1 Histórico, conceito e legislação
2.2 Policiamento comunitário
2.3 O PRONASCI e o Plano Colômbia
2.4 Critérios de instalação das Unidades de Polícia Pacificadora
2.5 Alguns impactos das UPPs dentro das favelas: criminalidade, percepção dos moradores e a percepção dos policiais
2.6 O caso da Favela da Maré
CAPÍTULO 3 Estado e suas facetas na gestão penal da pobreza
3.1 Estado penal e controle social e gestão penal da pobreza
3.2 Militarização da polícia e seus reflexos nas políticas públicas de segurança
3.3 Estado de exceção
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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