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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 22, 2013

JOÃO PAULO DESCONSTRÓI ACUSAÇÃO E PROMETE LUTAR



Primeiro réu com direito aos embargos infringentes a se manifestar, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) fala sobre os próximos passos que pretende adotar; o primeiro é tentar rever a pena por lavagem de dinheiro, onde teve cinco votos favoráveis; "A peça apresentada pelo ministro Joaquim Barbosa é digna de um roteiro literário. No caso da lavagem de dinheiro, a minha mulher foi ao banco, entregou a identidade, tirou xerox, assinou, pegou o dinheiro, pagou o instituto de pesquisa, recebeu a nota fiscal. Então, onde tem lavagem? Lavagem significa alguma coisa suja. Esse dinheiro não era sujo", diz ele; deputado também bateu duro em Joaquim Barbosa: "A balança do ministro Joaquim Barbosa tem um prato só, o da condenação. Então, ele não é juiz. Ele é promotor"

22 DE SETEMBRO DE 2013

247 - O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), condenado a nove anos e quatro meses de prisão na Ação Penal 470, avisa: está disposto a lutar e pretende levar seu mandato parlamentar até o último dia. No processo, ele recebeu duas condenações: uma por peculato, em razão da contratação da agência DNA, enquanto foi presidente da Câmara dos Deputados, e outra por lavagem de dinheiro, porque sua esposa sacou R$ 50 mil no Banco Rural.

Neste segundo caso, João Paulo Cunha foi condenado por seis votos a cinco e, portanto, terá direito aos chamados embargos infringentes. Dos réus que apresentarão recursos, ele foi o primeiro a falar e, numa entrevista concedida à jornalista Vera Rosa, do Estado de S. Paulo, desconstruiu a acusação pelo crime de lavagem de dinheiro.

"A peça apresentada pelo ministro Joaquim Barbosa é digna de um roteiro literário. No caso da lavagem de dinheiro, a minha mulher foi ao banco, entregou a identidade, tirou xerox, assinou, pegou o dinheiro, pagou o instituto de pesquisa, recebeu a nota fiscal. Então, onde tem lavagem? Lavagem significa alguma coisa suja. Esse dinheiro não era sujo", diz ele. João Paulo afirma ainda que não se tratava de dinheiro público, mas sim de recursos do PT, obtidos por meio de empréstimo.

Em relação à outra acusação, a de peculato, ele afirma que o valor de R$ 1 milhão recebido pelas agências de Marcos Valério não foi desviado da Câmara. Ao contrário, tratava-se dos bônus de veiculação, pagos aos publicitários por veículos de comunicação que usam essa prática (como é caso de Globo e Abril), para receber os anúncios. "Esse recurso, na casa de R$ 1 milhão, corresponde à comissão que a agência SMP&B ganhou dos veículos de comunicação, em 2004, por anúncios apresentados. Então, qual é o desvio? Era uma previsão contratual, legal. Eu não tenho nada a ver com o peixe e vou pagar?", diz o deputado petista.

O parlamentar prevê ainda um acerto de contas entre a História e o Supremo Tribunal Federal. "Esse julgamento entrará para a lista de mais um erro do Judiciário. Joaquim Barbosa faz o papel do tenente Vieira no caso dos irmãos Naves. Guarda semelhança porque a população de Araguari (MG) queria o linchamento e a prisão dos irmãos, a polícia acusava (tenente Vieira era o delegado), o juiz foi conivente. Ao final, concluíram que os dois irmãos eram inocentes. O processo do mensalão vai ser semelhante", diz João Paulo Cunha, que também pediu que o novo relator, Luiz Fux, dê ouvidos aos argumentos da defesa.

João Paulo Cunha também criticou diretamente o ministro Joaquim Barbosa, eventual candidato à presidência da República ou ao governo de Minas Gerais, pela constante busca dos holofotes. Se o ministro Joaquim Barbosa quer disputar a opinião pública, que vá para Minas ou entre num partido aqui em Brasília e dispute eleição", diz o deputado. "Ele não pode ficar, da cadeira de presidente do Supremo, falando bobagem, sem dar direito ao réu de ir se defender lá. Eu estou pronto para qualquer dia ir lá no Supremo e pedir para ele deixar eu falar lá da tribuna dele, para responder ao que ele fala no microfone, não nos autos. Justiça tem dois pratos. A balança do ministro Joaquim Barbosa tem um prato só, o da condenação. Então, ele não é juiz. Ele é promotor", afirma.

Por fim, o parlamentar promete lutar pela preservação de seu mandato. "Não vou renunciar. Eu pretendo levar o meu mandato até o último dia. E vou levá-lo."
*Ajusticeiradeesquerda

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