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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, setembro 23, 2013

"Governador pacificou a Rocinha como na Alemanha. Só falta câmara de gás"


Davison Coutinho *
Uma comunidade abandonada pelo poder público durante décadas, dominada pelo tráfico, sobre pressão e opressão por toda uma vida. De repente , surge o sonho de uma vida melhor:  a instalação da unidade de policia pacificadora. A promessa  é que seria de uma vida melhor, sem  violência, tudo com objetivo da propagação da paz.
No entanto, em meio aos becos e vielas estavam acontecendo ameaças,opressões, espancamentos e torturas, como já foi denunciado pelo Jornal do Brasil durante as investigações do sumi?o do pedreiro Amarildo e neste domingo (22/9) foi tema de matéria do programa Fantástico. 
Trabalhadores saindo para trabalhar e sendo coagidos, pessoas sendo consideradas como suspeitos e sendo tratadas como nenhum ser humano merece ser tratado. Moradores sendo abordados com choque no rosto, porrada, espancamento,sufocamento e spray de pimenta. Tudo isso porque depois de uma semana dura de trabalho costumam sair para as ruas para confraternizar com os amigos.
Não aguentamos mais  opressão, esse povo precisa de libertação. Somos seres humanos, merecemos respeito. Chega de farsa, vamos ser realistas. Vamos dar um basta de tampar o sol com a peneira, não é impondo medo que vamos chegar a um lugar melhor.
Vale lembrar que a transformação e mudança vem antes de repreender, prender e matar.  A mudança somente será concretizada através da educação, ninguém  aprende nada com tapa na cara e sufocamento.
É essa a politica de pacificação tão inovadora do Governador Sérgio Cabral? É esse o caminho para transformação da cidade maravilhosa? É essa a comunidade modelo que a presidenta pediu ao Governador?
*Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Formando em desenho industrial pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio. 
*JornaldoBrasil

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