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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 24, 2013

Petrobras desiste da PDVSA em projeto de refinaria em Pernambuco


Jornal GGN - A companhia venezuelana PDVSA não participará mais do projeto da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que está em construção sob a supervisão da Petrobras. Em novembro, a obra será incorporada como unidade de negócio da estatal brasileira, de acordo com matéria do jornal Valor Econômico desta terça-feira (24).
Segundo a reportagem, a Abreu e Lima deixará de existir como empresa e será incorporada como unidade de negócio. Ela foi projetada para ter a participação e os investimentos de ambas as empresas, desde o início das obras. Porém, os aportes venezuelanos no investimento nunca aconteceram. O custo já ultrapassa os US$ 17 bilhões e a obra está atrasada há quase quatro anos, por conta desses imprevistos.

O acordo entre Petrobras e PDVSA foi firmado em 2005 e previa que o Brasil assumiria 60% dos gastos totais - os outros 40% ficariam com a companhia venezuelana, que nunca os cumpriu. O custo total inicial estava previsto em US$ 2,3 bilhões – já ultrapassado em oito vezes. A própria Petrobras, de acordo com seu relatório anual, já injetou mais de R$ 11,6 bilhões na obra até o ano passado, esperando alguma resposta financeira da PDVSA, que nunca chegou.

No início da agosto, a empresa venezuelana se pronunciou, dizendo que os custos da obra estavam muito caros, mas deixou como indefinida sua permanência no projeto. Chegou a comparar com uma outra obra em parceria com uma companhia da Coreia do Sul, um consórcio responsável pela produção de 100 mil barris por dia, que não ultrapassou os US$ 2,3 bilhões.

Procurada por vários veículos de imprensa, a Petrobras, que se responsabilizou a tocar o projeto à época, com ou sem a PDVSA, não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta reportagem.



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