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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 01, 2013

    PTofobia, o fanatismo antipetista sem limites: querem matar Dirceu e Genoíno - "Reacionários do Brasil: deixem Dirceu em paz"

O pensador da aldeia.
por Paulo Jonas de Lima Piva

O ódio ao PT, a PTofobia, é um sentimento que vem de longe. É um sentimento mais do que conservador: é reacionário, elitista, alienante, cego, deturpador da percepção da realidade, um ódio de classe brotado do fígado e do reto dos mais ricos e poderosos, do mais sádico e da mais ridícula pretensão de aristocratismo, na sala de jantar da Casa Grande, e disseminado e absorvido pelo setor mais obscurantista e capitão do mato da classe média brasileira. A PTofobia, o fanatismo antipetista, surgiu junto com o nascimento do PT, no ABC, no final dos anos setenta, em meio às lutas dos trabalhadores contra a exploração das multinacionais e o arrocho salarial imposto pela ditadura militar. E a grande mídia nacional, a nossa oligarquia midiática, aquelas seis ou sete poderosas famílias da elite brasileira que chefiam a máfia das comunicações no país, foi e continua sendo a fonte dessa manipulação ideológica numa democracia ainda cheia de distorções, lacunas e arbitrariedades, como, por exemplo, a falta de uma lei das comunicações que evite os abusos e a sordidez da ação desses veículos criminosos.

Assustada com o nível de organização e de politização daqueles trabalhadores do ABC reunidos e unidos em torno de um partido político e de uma liderança, Lula, a grande mídia, esse partido camuflado de entidade isenta, imparcial e apartidária de informações, um negócio rentável como qualquer outro e, portanto, uma aliada de classe daquelas multinacionais e da ordem comandada por aquela ditadura, assumiu desde esse início o papel que continua exercendo até hoje: o de tentar destruir o PT, a principal e mais eficaz força de esquerda da história brasileira, pelo controle das consciências. Para isso, não economiza nos artifícios. Sataniza, envenena, usa dois pesos e duas medidas, calunia, difama e mente, isto é, procede da maneira mais covarde para atingir e aterrorizar sobretudo a classe média, seu principal mercado consumidor de jornais, valores e opiniões.

Manifestações extremas e histéricas dessa PTofobia, dessa doença ideológica enraizada sobretudo na desinformação, na ignorância e no medo da ascensão social dos mais pobres, vemos nas condenações de Dirceu e Genoíno, duas das figuras mais emblemáticas do PT. Grande parte dos que comemoram o linchamento público desses militantes de longa data nem sabem exatamente o por que desses petistas terem sido condenados. Para esses petofóbicos, basta serem petistas, basta a Globo, a Folha e a Veja terem noticiado que eles são corruptos para que eles sejam corruptos de fato, logo, merecedores da condenação e, de preferência, de uma condenação à morte. E embora não seja fácil resistir aos encantos dos espetáculos da manipulação midiática, o obscurantismo desses doentes é de estarrecer. Em meio a esses inquisidores ignorantes não faltam pessoas que se beneficiaram de leis, projetos e medidas governamentais criadas e implementadas pelo PT ao longo de três décadas de história do Brasil. Ou seja, pessoas que, num governo tucano ou Marina Silva, isto é, em governos aprovados pela Globo e pela Veja, seriam esquecidos, como ocorreu nos dois governos tucanos sustentados pela Globo, Folha e Veja. Entre beneficiários do PROUNI, em meio a pessoas que ascenderam socialmente, que conseguiram emprego com carteira assinada, que compraram seus imóveis, automóveis e outros bens de consumo graças ao PT, encontramos, incrivelmente, essa PTofobia, na mesma intensidade ou menor até do que a PTofobia que encontramos na gritaria de alguns indivíduos que se colocam na extrema esquerda, incomodados com os avanços sociais dentro do capitalismo promovidos pelo Bolsa Família, pelo PROUNI e por outros programas petistas que estão fazendo a condição econômica e social de classe média deixar de ser um status. Enfim, como entender esse ódio a um partido, esse ódio aniquilador aos seus principais militantes, essa raiva a um partido que desde a sua fundação só vem fazendo o bem para as camadas mais necessitadas da população?

O ódio ao PT no ódio a Dirceu e Genoíno

Onde estão as fortunas de Dirceu, de Genoíno e de Delúbio com o "Mensalão"? Onde já que ouve corrupção? Onde, se as contas desses condenados foram vistoriados frente e verso, no avesso e no reverso? Até o direitista mais empedernido e de boa-fé sabe que essas montanhas de dinheiro não estão em lugar nenhum porque não há fortunas, porque não houve uso de dinheiro público, porque nenhum dos condenados acumulou riqueza no episódio. O crime que cometeram é o mesmo que, do DEM ao PSOL, todos os partidos da ordem cometem: crime eleitoral de caixa dois para tocar campanhas eleitorais. E enquanto não houver uma reforma política que torne o financiamento de campanha algo público e exclusivo, esse fenômeno continuará a existir. Mas como Dirceu e Genoíno são do PT, a alma e os ideias do partido de esquerda que tirou a pior direita do comando do Planalto e mudou o país para melhor, eles foram transformados pela máfia midiática nos maiores corruptos da história do país, mesmo sem terem nenhum patrimônio de corruptos.

Se não bastassem as condenações injustas, explicitamente políticas, dos líderes petistas, a direita, por meio de sua opinião pública manipulada, pressiona pela morte de Genoíno, em situação de saúde frágil, e pela humilhação ainda maior de Dirceu. A PTofobia que dominou certos setores desqualificará e deslegitimará qualquer direito básico, humano, que Dirceu e Genoíno poderão ter doravante. As elites nunca perdoarão esses heróis, por isso querem vingança.



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Reacionários do Brasil: deixem Dirceu em paz


por Paulo Nogueira

Reacionários do Brasil: deixem Dirceu em paz. Pelo menos na cadeia, poupem-no de seu reacionarismo estridente, obtuso e maldoso.

Qualquer coisa que ele faça vira contra ele.

A mídia publica, por exemplo, que ele teria pedido apoio a Lula. Uma declaração contra a brutalidade a que está sendo submetido por Joaquim Barbosa.

Isso vira “pressão”. Isso vira “tentativa de subverter a justiça”.

Até eu, que estive com Dirceu apenas uma vez, entendo que Lula deveria se manifestar com clareza a favor dele.

De amigos a gente espera o quê?

Lembro a mais linda frase sobre a amizade, escrita por Montaigne quando morreu seu amigo La Boétie. “Estava tão acostumado a sentir que éramos um só que agora me sinto meio.”

O que há de errado em Dirceu querer de Lula apoio numa hora duríssima como a que ele vive? É uma reação absolutamente humana.

Considere. Não é uma prisão normal. Nos últimos tempos, juristas insuspeitos de simpatia petista manifestaram repulsa ao julgamento do Mensalão.

Ives Gandra disse que Dirceu foi condenado sem provas, depois de estudar o processo. Bandeira de Mello, depois de acusar JB de ser um homem mau, sugeriu seu impeachment. Um celebrado constitucionalista português, Canotilho, citadíssimo pelos juízes do STF, disse ter visto falhas extraordinárias no julgamento, a começar pelo papel de Joaquim Barbosa.

Disceu tem 67 anos. Está na última etapa da vida útil. E uma decisão contra a qual se erguem tantas vozes o põe na cadeia.

Imagine você nessa situação. Não iria reclamar um apoio de Lula, se este fosse seu amigo e conhecesse a história que levou você à cadeia?

Repito: não é uma cadeia normal.

Li outro dia que, depois de muitos anos, a justiça do Paraná decretou enfim a culpa de um ruralista que diversas testemunhas viram dar um tiro na nuca de um sem terra que ocupara uma fazenda dele.

É uma história macabra, ocorrida em 1998.

Um grupo de pistoleiros mascarados cercou os sem terra. Mandou-os deitar com o rosto no chão. Um deles, com problemas na coluna, não conseguiu.

Um dos pistoleiros matou-o a sangue frio. Antes de apertar o gatilho, tirou a máscara. E por isso foi reconhecido. Era Marcos Prochet, ex-presidente da UDR no Paraná.

Prochet não foi preso, embora o processo seja do milênio passado. Dificilmente será: é um homem rico.

Mas Dirceu está preso, e não pode sequer invocar o apoio de Lula que é crucificado pelos reacionários. Também não pode cuidar da cela que é acusado, como se viu numa matéria do Estadão, de ter mania de mandar e ser obcecado com limpeza.


Essa é a mídia brasileira.

Aquela é a justiça brasileira, na versão 2013 protagonizada por Joaquim Barbosa.



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