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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 04, 2014

EUA insistem no bloqueio contra Cuba, mas para garantir aos grandes monopólios capitalistas a possibilidade de voltar a explorar as riquezas e a força de trabalho do povo cubano.


GA Votes On Cuba EmbargoEm votação realizada no último dia 28 de outubro, a Assembleia Geral da ONU condenou por maioria absoluta e pela 23ª vez consecutiva o criminoso bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos EUA a Cuba. Dos 193 países presentes, 188 votaram pelo fim do embargo, três se abstiveram (Palau, Ilhas Mashall e Micronésia) e apenas Estados Unidos e Israel foram a favor da manutenção do bloqueio promulgado em 1960, após a Revolução Cubana decidir pela nacionalização das propriedades pertencentes às multinacionais norte-americanos na ilha.
Apesar do cumprimento das resoluções da Assembleia Geral não ser obrigatório, a votação fortalece a solidariedade internacional a Cuba e aprofunda o isolamento político dos Estados Unidos nessa questão. De fato, desde a primeira votação, em 1992, quando 59 países votaram a favor do desbloqueio, três contra e 71 se abstiveram, o repúdio ao bloqueio só aumenta.
Em seu discurso, o ministro das relações exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, denunciou o sofrimento causado pelo bloqueio ao povo cubano e afirmou que a medida é responsável por um prejuízo de mais de 1 trilhão de dólares desde que foi implantada. “São já 77% os cubanos que nasceram sob estas circunstâncias. O sofrimento de nossas famílias não pode ser contabilizado”, disse o diplomata cubano. “Convidamos o governo dos Estados Unidos a uma relação mutuamente respeitosa, sobre bases recíprocas, baseada na igualdade soberana, nos princípios do Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas. Cuba nunca renunciará a sua soberania, nem o caminho livremente escolhido por seu povo para construir um socialismo mais justo e eficiente, próspero e sustentável”, concluiu Rodriguez.
Já o representante estadunidense, Ronald Godard, insistiu na manutenção das medidas contra a ilha caribenha e afirmou com todas as letras que “a economia de Cuba não se desenvolverá até que não abra seus monopólios à concorrência privada”.
Apesar de o atual governo norte-americano ter modificado algumas de suas políticas em relação a Cuba, no setor financeiro o embargo se endureceu. Desde 2009, multas de mais de dois bilhões de dólares são impostas a empresas e pessoas de outros países que têm negócios com Cuba. Além disso, o país também não pode exportar ou importar produtos e serviços dos EUA, nem utilizar o dólar norte-americano em negócios internacionais ou possuir contas com essa moeda em bancos de outros países.
Logo, fica claro que não é pela democracia, nem pela liberdade, que os EUA insistem no bloqueio contra Cuba, mas para garantir aos grandes monopólios capitalistas a possibilidade de voltar a explorar as riquezas e a força de trabalho do povo cubano.
Da Redação A Verdade

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