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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Jornalismo da Record "amarela" para a Globo e perde audiência


O telejornalismo da TV Record cresce quando se diferencia da TV Globo.

Nas eleições 2010, cresceu. Mostrou o que a Globo escondia.

Em 2011, a audiência do noticiário da Record perdeu cerca de 20% de seu público.

Há uma enorme janela de oportunidade para a Record crescer. Jornalismo depende de credibilidade, e o jornalismo da Globo está muito ruim e se expondo demais. Não apenas manipula, mas também está errando muito, e deixando transparecer seu partidarismo demo-tucano com matérias confusas, elitistas, lobistas,  com seletivismo nas denúncias, forçando destaque para assuntos irrelevantes, e está chato igual àqueles pessimistas azedos que as pessoas gostam de evitar. Até telespectador conservador esclarecido não gosta de ser manipulado.

Basta a Record mesclar as notícias que todo telejornal deve dar com um contraponto honesto à Globo que tem uma avenida aberta para crescer.

Primeiro conquista a credibilidade que o Jornal-Nacional-bolinha-de-papel perdeu. A audiência vem a reboque.

Infelizmente, a Record não está fazendo um jornalismo com pauta própria e de contraponto (raras exceções, como nos casos Privataria Tucana e Ricardo Teixeira, mesmo assim há bochinhos falando em trégua com a CBF).

O noticiário da Record sobre as enchentes está seguindo a mesma pauta da Globo, apenas não está sendo golpista, mas está indo à reboque.

A Globo inventou a "crise do Contas Abertas" do Ministério da Integração mas, pelo menos, deu espaço ao contraditório nos dias seguintes.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB/PE) deu a resposta que quis no Jornal Nacional, e se saiu muito bem com o discurso de que a competência de Pernambuco não pode ser punida (pela incompetência dos outros governadores, nas entrelinhas).

Em sua entrevista coletiva, o ministro da Integração foi editado na Globo (e mal editado, pois foi mostrado só resmungando, com a edição escondendo os argumentos objetivos de sua defesa). A Record poderia fazer uma edição honesta desta entrevista que ganharia pontos na credibilidade. Comeu mosca, e não fez.

O bom jornalismo nesta história quem fez foi o Fernando Brito, do blog Tijolaço. Matou a cobra e mostrou a cobra morta, mostrando que o governador Geraldo Alckmin não recebeu dinheiro em 2011 porque demorou a se mexer.

Há uma pauta inexplorada, da Globo reclamando de verbas "marretadas" na ONG Contas Abertas, que nem os governadores de oposição, que seriam os maiores afetados, reclamam. Até o Merval Pereira desmentiu o Jornal Nacional, em sua coluna, quando narrou um telefonema de Eduardo Campos:

O governador Teotônio Vilela, do PSDB, apoiou as obras porque beneficiam também Alagoas. O governador Antonio Anastasia, de Minas, também não reclamou porque sabe os problemas que Pernambuco enfrenta. E também Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, não acusou Pernambuco de estar sendo beneficiado por métodos escusos.
Isto é, nenhum governador de outros estados também afetados pelas chuvas, como Minas e Rio de Janeiro, reclamou de um suposto privilégio de Pernambuco: "O Anastasia não reclamou, o Sergio Cabral não reclamou, o Teo Vilela apoiou. Eles sabem que não houve privilégios".

E nem essa pauta a TV Record seguiu. Aliás ela não tem seguido várias das boas pautas dos blogs pessoais dos próprios bons jornalistas que trabalham na casa.

A Globo não faz um jornalismo de serviço nas catástrofes, do tipo que salva vidas, como faz as emissoras de TV estadunidenses quando há furacões. A Record poderia estar fazendo e também não está.

Nem a Globo, nem a Record fazem reportagem sobre o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais e como funcionam os sistemas de alertas. Só sabe que isso existe quem vê a TV Brasil ou a NBR (a TV do governo federal, que nem todos tem acesso, pois só está disponível em parabólica e tv por assinatura).

Tem havido pouco empenho da Record nas denúncias que envolvem governadores tucanos, a exemplo da venda de emendas na Assembléia Legislativa de São Paulo.

A Fundação Roberto Marinho é vidraça escancarada desde agosto de 2010, com a operação Voucher da Polícia Federal, e só nosso blog foi atrás de procurar os indícios de irregularidades e acompanhar o caso.

É sabido que quando a Record abre fogo com denúncias contra os interesses da família Marinho, a Globo abre fogo contra Edir Macedo. Ambos saem perdendo em desgaste de imagem.

Fala-se muito em "acordão" no Congresso, acordão no governo, acordão PT-PSDB, etc, etc.

Mas será que não existe nenhum acordão Globo-Record? Algum pacto de não agressão em determinados assuntos, que só é quebrado quando algo desanda?

Se for assim, então, como já perguntou Ricardo Kotscho (também jornalista da Record): liberdade de imprensa para quê?
*osamigosdopresidentelula

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