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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, janeiro 13, 2013

Bolsa Familia é um fracasso.
No PiG

A educação e a saúde melhoraram. A mortalidade infantil diminuiu. A Fome acabou. Isso é que é ser “refém” !


O Cebrap era um centro de análise e planejamento – até que o Farol de Alexandria, seu fundador, assumiu a Presidência.

Aí, o Cebrap confundiu-se com os diversos tons de cinza e treva que ofuscaram o Governo do Farol.

Agora, pretende ressurgir da letargia.

Sempre com a tarefa de fornecer ideias ao Farol – aquele que iluminava a Antiguidade e se extinguiu num terremoto chamado Lula.

Neste domingo, o Estadão dedica e capa e três páginas ao Bolsa Família, ancorado em pseudo-analises de planejamento do Cebrap.

É um ataque em pinça, o do Estadão.

Uma equipe foi a Guaribas, no interior do Piauí, onde o Nunca Dantes lançou programa, em 2003.

Outra foi ao jazigo do Cebrap.

Em Guaribas, a Panzer-Division fez uma descoberta extraordinária: a cidade de 4 mil habitantes ganhou água encanada, agências bancárias, uma unidade básica de saúde (que horror !), mais escolas (que horror !), ruas calçadas, os índices de mortalidade infantil e analfabetismo caíram (que horror !), o aproveitamento escolar das crianças subiu (que horror !), e a fome desapareceu (assim não dá ! Isso é uma desgraça !).

Mas, mas, é o “mas” da editoria “o Brasil é uma m…” que infesta o PiG (*) e especialmente o jornal nacional.

Mas…

Mas, diz o Estadão, falta emprego.

E, por isso, Guaribas “permanece refém dos programas e renda”.

“Refém”!

Refém do fim da fome, do cuidado à saúde e à educação.

“Refém”, segundo o Houaiss, tem uma conotação militar e outra, que deve ser a dos jênios do Estadão:

- “em situações extremas, aquele que fica, contra a sua vontade, em poder de outrem, como garantia de que alguma coisa será feita.”

Aí entra um jênio do Cebrap, para dar consistência ideológica à ofensiva dos blindados do Estadão contra os pobres de Guaribas.

Diz Alexandre de Freitas Barbosa, responsável por uma pesquisa do Cebrap sobre a miséria que assola o pobre do Bolsa Familia.

“O Governo concentra (sic) recursos neles (programas de transferência de renda) porque é a linha de menor resistência (resistência de quem, cara pálida ? – PHA): garante estatísticas positivas (o amigo prefere “negativas”? ) e DIVIDENDOS ELEITORAIS”.

( Ênfase do ansioso blogueiro.)

Ou seja, o Cebrap não passa de uma extensão, chic, da mulher do Cerra, a notável estadista chilena que foi à Baixada Fluminense, na vitoriosa campanha de 2010, dizer que o Bolsa Família é o Bolsa Vagabundagem.

A malandragem não trabalha, vive às custas do Governo e vota no Governo parece ser a conclusão da “análise e do planejamento” fernandino.

Barbosa reconhece que a pobreza diminuiu e, mais importante, que nos governos do Nunca Dantes e da Dilma houve uma significativa redução do Índice de Gini, ou seja, da desigualdade.

Isso, ele admite.

E, aí, vem a jenial sugestão, o que fazer.

Ah, o Cebrap sabe !

“É preciso mudar o atual padrão de desenvolvimento para outro que permita acumular mais capital, mais produtividade, e permitir que os ganhos do trabalho avancem à frente dos ganhos do capital.”

Jenial !

Então, o Barbosa sugere uma revolução comunista em Guaribas: o Estado acumular capital e tirar dinheiro dos banqueiros para dar aos pobres.

Sensacional !

O Farol de Alexandria fez a volta completa: acabou no comunismo, no sertão do Piauí !

É fácil.

Para acabar com a vil dependência dos moradores de Guaribas, pau nos bancos !

Muito fácil.

Foi exatamente o que fez o Fernando Henrique – o de juros de 45 %.

Sobre a vil dependência, cabe recorrer a estudos recentes, no próprio Piauí, do respeitado professor Otávio Velho, que mostrou como os programas de transferência de renda libertam os pobres dos coronéis políticos.

Outro, que mostrou como o Bolsa Família combate o machismo.

Sem esquecer da consideração de amigo navegante: como exige carteira de identidade e titulo de eleitor pra receber o benefício, o Bolsa Família estimula o analfabeto a votar.

Isso não é uma maravilha ?, amigo navegante ?

Não !

Para o Cebrap, bom é quando o pobre não vota.

E o regime, de preferência, é o parlamentarismo – outra pérola que brotou do Cebrap, quando o Padim Pade Cerra aparecia por lá.

Pobre não tem nada que votar.

Lugar de pobre é na cozinha.

Em tempo:
na primeira página também, o Globo (o 12o. voto do STF) lança uma bomba de nêutron sobre os pobres: “brasileiro é cético sobre o Bolsa Familia”. Tanto assim que, segundo o próprio Globo, 73% deles acham que o Bolsa Familia não deve acabar… A propósito dos elevados propósitos do Globo em relaçao aos pobres, não deixe de ler: “A Globo não conseguiu destruir o Rio”.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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