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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 11, 2013

 

Por que a direita odeia a América Latina

A direita odeia a América Latina. Antes de tudo porque sua mentalidade colonial e seus interesses a vinculam aos países do centro do capitalismo, aos Estados Unidos em particular, que tem uma relação histórica de conflitos com o nosso continente. A direita nunca esconde sua posição subserviente em relação aos EUA, adorava quando os países latino-americanos eram quintal traseiro do império, quando, por exemplo, na década de 90 do século passado, não expressavam nenhum interesse diferente dos de Washington e buscavam reproduzir suas políticas.
A direita não entende a América Latina, nem pode entender, porque sua cabeça é a da anulação diante do que as potencias imperiais enviam para nossos países, de aceitação resignada e feliz aos interesses dessas potencias.
Para começar, compreender a América Latina como continente e’ entender o que a unifica como continente: o fenômeno histórico de ter sido colonizada pelas potencias europeias e ter sido transformada posteriormente em região de dominação privilegiada dos EUA.
Daí a incapacidade da direita de entender o significado do nacionalismo e dos líderes nacionais, porque para a direita não há dominação e exploração imperialista, menos ainda o conceito de nação. Esses líderes seriam então demagogos populistas, que se valeriam de visões fictícias para fabricar sua liderança carismática, fundada no apoio popular.
A própria existência da América Latina como continente é questionada pela direita. Ressalta as diferenças entre o México e o Uruguai, o Brasil e o Haiti, a Argentina e a Guatemala, para tentar passar a ideia de que se trata de um agregado de países sem características comuns.
Não mencionam as diferenças entre a Inglaterra e a Grécia, Portugal e a Alemanha, Suécia e Espanha, que no entanto compõem um continente comum. Por quê? Porque tiveram e tem um lugar comum no sistema capitalista mundial: foram colonizadores, hoje são imperialistas. Enquanto que os países latino-americanos, tendo diferenças culturais muito menores do que os países europeus entre si, fomos colonizados e hoje sofremos a dominação imperialista.
Esses elementos de caracterização são desconhecidos pela direita, para a qual o mundo é compostos por países modernos e países atrasados, sem articulação como sistema, entre centro e periferia, entre dominadores e dominados.
Assim a direita nunca entendeu e se opôs sempre tenazmente aos maiores líderes populares do continente, como Getúlio, Perón, Lazaro Cárdenas, e hoje se opõe frontalmente ao Hugo Chávez, ao Lula, aos Kirchner, ao Mujica, ao Evo, ao Rafael Correa, à Dilma, ao Maduro, além, é claro, ao Fidel e ao Che. Não compreendem por que foram e são os dirigentes políticos mais importantes do continente, porque têm o apoio popular que os políticos da direita nunca tiveram.
Ainda mais agora, quando a América Latina consegue resistir à crise, não entrar em recessão, continuar diminuindo a desigualdade, e projetar líderes como Chávez, Lula, Evo, Rafael Correa, Mujica, Dilma, a incapacidade de dar conta do continente aumenta por parte da velha mídia. Sua ignorância, seus clichês, seus preconceitos a impedem de entender essa dinâmica própria do continente.
Só resta à direita odiar a América Latina, porque odeia os movimentos populares, os líderes de esquerda, a luta antiimperialista, a crítica ao capitalismo. Odeiam o que não podem entender, mas, principalmente, odeiam porque a América Latina protagoniza um movimento que se choca frontalmente com tudo o que a direita representa.

Populismo é invenção da direita para pegar trouxa


Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania
“O conceito “populismo” sempre foi elástico e subjetivo. Contudo, em alguns momentos da história chegou a fazer sentido. No século passado, porém, não era usado apenas para caracterizar a forma de governar de políticos de esquerda como hoje. O caudilho, que por definição governa de forma populista, poderia ser partidário de qualquer ideologia.
Em resumo, caudilho seria um chefe político que governa acima dos partidos e que adota medidas populistas (demagógicas) que agradam aos governados independentemente de serem viáveis, o que, por essa teoria, no médio e no longo prazos terminariam por causar mais malefícios do que benefícios.
No Brasil, o “caudilho populista” mais famoso é Getúlio Vargas, ainda que outros políticos trabalhistas como Leonel Brizola tenham sido associados a essa pecha.
A história do “populismo”, no entanto, importa menos do que o uso contemporâneo desse conceito, tal como vem sendo empregado na América Latina e, mais precisamente, na América do Sul ao longo do século XXI, período em que líderes de esquerda ascenderam ao poder por toda a região e a revolucionaram econômica e socialmente.”
Artigo Completo, ::AQUI::

"Pelas urnas ficou difícil para as elites"

Carta Maior

'As minorias sabem que pelas urnas é difícil chegar ao poder e aparece aí a tentação permanente de fazê-lo por fora das urnas. Não sei com certeza se há setores militares fortes com planos golpistas, mas se há militares que não gostam do chavismo isso não me surpreenderia. Isso ocorre com todas as elites. Por isso, considero importante que existam milícias populares dispostas a defender o governo para compensar o poder dos militares. 
A Venezuela foi uma província petroleira dos EUA durante décadas. Na II Guerra foi maior fornecedora de petróleo dos aliados. Tudo isso deu origem a uma classe dominante muito ligada ao negócio petroleiro e a Washington. Colômbia e Venezuela são fundamentais para o sistema norte-americano, no Mediterrâneo americano. Chávez acabou com tudo isso. Deu às costas aos Estados Unidos e se voltou ao Brasil, ingressou no Mercosul e rechaçou a ALCA. Isso, para os EUA, é imperdoável'.

(embaixador Samuel Pinheiro Guimarães; entrevista a Dario Pignotti; leia AQUI)

 

Assange e Yoani: dois pesos e duas medidas da imprensa alienígena


 
 
 
Por Davis Sena Filho
         
 
Até o momento a imprensa comercial e privada, seja por intermédio de seus editoriais ou por meio de seus chefes de redação, colunistas ou blogueiros, que chamam ridiculamente seus patrões de colegas ou coleguinhas, não gritou, não esperneou, não xingou e não se estrebuchou por causa da perseguição do governo estadunidense ao fundador do sítio Wikileaks, Julian Assange, bem como não protestou contra a censura ao seu portal.
     Nada que me comovesse ou me surpreendesse. Esperar discernimento e isenção de jornalistas que consideram seus patrões como colegas é a mesma coisa que esperar uma boa ação do capeta ou de jornais e revistas, a exemplo da "Folha", do "Estadão", do "Zero Hora", de "O Globo", de "Época" e da Última Flor do Fáscio — a ardilosa e inconsequente"Veja".
        Enquanto isso, a blogueira cubana, Yoani Sánchez, é recebida pela mídia de direita brasileira como se fosse a salvação da lavoura quando se trata de criticar Cuba e o regime socialista. São dois pesos e duas medidas. Enquanto Yoani realiza se périplo pelo mundo a atacar seu próprio país, o australiano Assange perdeu sua liberdade e o direito de falar por ser ameaçado pelos governos da Inglaterra e dos EUA, países esses que se consideram os defensores da democracia e da liberdade de imprensa e de expressão.
      Yoani deitou falação e mostrou para o que veio: atacar o governo cubano e defender o establishment, o qual ela serve, representa e por ele é financiada, sem, contudo, demonstrar qualquer constrangimento. Foi recebida com palmas pelos representantes da direita partidária brasileira ao tempo que ovacionada pelos editores, colunistas, blogueiros e comentaristas da imprensa conservadora e de negócios privados, que abriram-lhe as páginas de suas publicações, bem como franquearam sua imagem aos espaços televisivos.
 
 
A blogueira cubana é acusada de ser financiada pelo governo dos Estados Unidos para fazer propaganda contra Cuba. Grandes jornais e revistas também a financiam, e sua viagem, que começou no Brasil, vai durar 80 dias, sendo que dez países vão ser visitados. Todavia, o que chama atenção de seus críticos é o blog de Yoani Sánchez. O blog da cubana é diferenciado em relação à maioria dos blogs, mesmo os grandes.
No espaço, pode-se ler textos em 21 idiomas, inclusive o espanhol. Para se ter uma ideia melhor de tal blog, nem o sítio da ONU oferece tantas traduções aos leitores. Além do mais, o baronato encastelado na conservadoríssima Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), proprietário de organizações de comunicação e de jornais premiaram o blog de Yoani Sánchez, o que lhe rendeu prêmios em forma de dinheiro. Por seu turno, o Wikileaks, de Julian Assange, aquele que está asilado em Londres e se sair pode ser preso ou morto e ninguém faz nada, publicou documentos revelando encontros e relações entre a blogueira e o governo yankee. Yoani é acusada também de se envolver com a CIA.
Esses fatos e realidades são inacreditáveis ao tempo que verossímeis. E ninguém, mas ninguém mesmo da imprensa de mercado não comenta sobre as diferenças de tratamento a Yoani Sánchez e Julian Assange, tanto por parte de governos quanto pelo sistema midiático hegemônico. O Wikileaks divulgou os bastidores sujos e levianos da diplomacia (do porrete) estadunidense e por isso foi censurado e seu criador preso e depois asilado. Ninguém da imprensa alienígena contestou e protestou. A imprensa historicamente golpista se calou e apenas informa sobre os acontecimentos, mas não protesta, não critica e não faz editorial em prol de Julian Assange, que perdeu a liberdade, pois asilado na Embaixada do Equador em Londres. Enquanto o tratamento dado à Yoani Sánchez...
A oligarquia midiática não protesta sobre essa perseguição ao australiano como protesta e se estrebucha quando o governo brasileiro diz que quer discutir a comunicação e a informação, quando quer regulamentar o setor (nossas leis são de 1962, por isto estão defasadas) e quando fala em criar o Conselho Federal de Jornalismo, órgão que, para mim, deveria existir há muito tempo, como acontece em outras categorias profissionais e empresariais e segmentos da economia, que têm seus conselhos, e, o mais importante, seus marcos regulatórios.
 

 
Não. Neca de pitibiribas. Nada de protesto. Somente se sentem indignados e se comportam dessa forma quando o Governo chama a sociedade brasileira, de forma democrática, para discutir sobre os rumos do setor de comunicação, além de procurar debater sobre a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de imprimir e as concessões públicas, dentre outras questões, que foram discutidas, de forma séria, nas plenárias da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada no fim de 2009, em Brasília.
A Confecom ouviu a sociedade, elaborou documento que vai ser analisado pelo Congresso, que um dia vai ter de dar uma solução para a questão das mídias. Mas existe um problema: os megaempresários de comunicação, os "donos" das diferentes mídias, dos oligopólios midiáticos, boicotaram a Confecom e boicotam e combatem qualquer ação que vise regulamentar o setor, por intermédio de marco regulatório que seja aprovado pelo Congresso, que é o poder onde a sociedade brasileira é representada, porque ela votou e institucionalizou seus representantes, que são reconhecidos pela Constituição.
Esta é a questão, o resto é dissimulação e mentira da imprensa burguesa, empresarial e privada, a mais atrasada do mundo, onde atuam os empresários mais conservadores deste País, realidade esta comprovada nas últimas eleições, quando suas empresas (muitas delas são concessões públicas) agiram ilegalmente como partidos políticos de direita e que apoiaram, evidentemente, o candidato tucano José Serra.
Agora os empresários e seus asseclas de redação se calam sobre o Wikileaks, porque não convêm a eles defender a liberdade de imprensa e de expressão que esses empresários tanto clamam quando se trata de defender seus interesses econômicos e políticos. Eles se calaram porque são porta-vozes do sistema capitalista, dos governos estadunidenses, dos bancos, das entidades empresarias industriais e rurais e de agências de segurança, investigação e espionagem como a CIA, por exemplo.
       

  
       Por isso eles se calaram, como o fizeram na ditadura militar. A Folha, então, era "sócia"do DOI/CODI. E a TV Globo foi irmã siamesa de todos cinco governos dos generais presidentes. É filha autêntica dessa era. Lamentável, mas ter de aturar a imprensa brasileira é dose para mamute ou, quiçá, mastodonte. Somente no Brasil, País importante e poderoso, ainda existe uma imprensa privada que quer eternizar sua condição de senhora feudal ou de governadora de capitania hereditária.
      Obviamente, com o contínuo fortalecimento do estado democrático de direito no Brasil, um dia essa realidade vai ter fim. Bem, vamos esperar para ver como esse processo vai acabar e como a imprensa burguesa vai se comportar doravante, apesar deu eu saber que sua posição vai ser a de sempre compor com os grupos conservadores da sociedade e ter como porta-voz do pensamento reacionário suas próprias empresas de comunicação. Que o digam os casos emblemáticos de Julian Assange e Yoani Sánchez. Dois pesos e duas medidas. É isso aí.
*Saraiva

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