Cartunista é alvo de mensagens ofensivas de admiradores da Rota e de policiais e reclama do “Estado policial”
Por Igor Carvalho
O cartunista Carlos Latuff está sendo alvo de provocações e ameaças de
morte desde que publicou, em seu perfil no Facebook, uma declaração
sobre a morte do casal de policiais militares, que podem ter sido
assassinado pelo filho. “Garoto mata seu pai, que era policial da
Rota…esse menino precisa de duas coisas: atendimento psicológico e uma
medalha”, disse o cartunista na rede social.
Latuff, em entrevista à Fórum,
afirma que a frase foi uma “provocação”. “Esse tema é tabu. Não podemos
tratar da violência policial no Brasil. Vivemos em um Estado policial, e
nesse Estado você não pode ser crítico, senão é ameaçado”, afirma o
cartunista.
Uma mulher, identificada como Cardia Ma, que trabalharia na OAB de São
Paulo e que, em seu perfil no Facebook diz ter trabalhado na Polícia
Militar, mandou uma mensagem a Latuff: “Vc é um lixo humano…cai na minha
frente que vou te mostrar como tratar uma pessoa como vc…vou meter a
.40 [arma] na tua cara.”
O brigadista Giovani da Silva Pereira afirmou, no seu perfil do
Facebook, que se encontrar Latuff, “baixa ele”. A página “Fardados e
Armados”, também na rede social, alertou seus seguidores sobre o
cartunista. “Guerreiros do Sul – RS, SC e PR se esbarrarem com esse
sujeito já sabem de quem se trata. Declaradamente contra as forças
policiais esse LIXO maconheiro está festejando a morte da família do
Sargento Pesseghini da ROTA/SP.”
Na página “Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar Rota” outro alerta aos
seguidores, em tom ofensivo. “O vagabundo cheira pó pelo lado errado e
depois reclama que toma prensa da Polícia, Carlos Latuff sempre sendo
infeliz, calado é um poeta”. Na sequência, nos comentários da
publicação, muitas ameaças e ironias ao cartunista. Em um dos
comentários, um dos admiradores da página sobre a Rota, afirma: “Se vc
apoia esse lixo é terrorista igual e se é terrorista, tem mais é que
morrer, lixo.”
Latuff afirma que não se arrepende da declaração e nem voltará atrás no
que disse. “Quem quer fazer não ameaça, vai e faz. Mas estamos falando
de uma polícia que mata mesmo. Não foi a primeira vez que recebo
ameaças, se tratando da polícia, tudo pode acontecer, mas saibam que
posso ser assassinado.”
*Turquinho
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