Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 09, 2013

"Legalizar maconha não é liberar", defendem autoridades em debate


Texto: A- A+
O Jornal do Piauí desta quinta-feira (08) recebeu três convidados que participam em Teresina de debate sobre legalização de alguns tipos de entorpecentes como a maconha. As autoridades defenderam que legalizar não é liberar.

Fotos: Evelin Santos/Cidadeverde.com

“Não pode legalizar pode trazer graves consequências. A proibição não mudou muita coisa. Mas legalização não significa liberação. Legalizar significa regular. Nada pode ser regulado se não for legalizado. Isso daria maior controle”, opina a juíza aposentada Maria Lúcia Karan. 


Do Rio de Janeiro, participou o delegado da Polícia Civil Orlando Zacom. Para ele, problemas como acidentes de trânsito, cirrose e violência doméstica estão ligados ao consumo sem medida de álcool, apontada pelo gestor como “droga legalizada”.

“As pessoas não percebem o efeito nocivo das chamadas drogas legalizadas. A proibição por si só não vai resolver o problema da violência. A liberação sem critérios também não. Por isso, o assunto tem que ser amplamente discutido”, disse o delegado.


Vindo da Bahia, o juiz Gerivaldo Neiva também defendeu que a legalização seria um caminho viável a ser adotado. Para ele, só assim, a guerra urbana por qual o país passa no combate as entorpecentes teria, na visão do magistrado, um ponto de equilíbrio viável.

“Se legalizado, o consumo deveria ser liberado em locais próprios, como se fossem em bares. A legalização também prevê até plantações residenciais controladas”, explica o juiz baiano.


Lívio Galeno
*GerivaldoA.N.

Nenhum comentário:

Postar um comentário