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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 09, 2013

Por que os EUA bombardearam Hiroshima?



Livro conta o horror provocado pelos americanos ao tomar a decisão absurda de destruir uma cidade inteira com suas crianças, velhos, mulheres. 68 anos após o ataque, EUA continuam impunes
Paulo Nogueira, diário do centro do mundo
São 68 anos da Bomba de Hiroxima. Recomendo um pequeno grande livro. Chama-se exatamente Hiroxima e foi escrito por Lawrence Yep.
hiroshima bomba atômica eua
Ruínas de Hiroshima após o ataque. Uma cidade pacífica foi dizimada (Foto: Arquivo)
Todo mundo deveria ler. Não me consta que esse livrinho – no tamanho — tenha sido editado no Brasil.
É uma pena.
São 50 páginas que contam o horror provocado pelos americanos ao tomar a decisão cruel, absurda de destruir uma cidade inteira com suas crianças, velhos, mulheres.
A guerra já estava ganha. Hitler já se matara.
Por que os americanos fizeram uma coisa tão monstruosa? Uma retaliação ao ataque de Peal Harbour pelos japoneses não faz sentido.
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Pearl Harbour era uma base naval. Não uma cidade. Seria como responder com um tiro a quem mandou um email malcriado para você.
Desproporção total.
O que os americanos queriam era evitar que os russos, que tinham batido os alemães e definido o destino da guerra, se sentissem fortes demais.
A bomba atômica foi um fator intimidador usado pelos Estados Unidos contra, sobretudo, a Rússia às vésperas da inevitável Guerra Fria.
Mas a que preço para Hiroxima.
O livrinho mostra que os habitantes da cidade achavam que até ali Hiroxima tinha sido poupada de bombas pelos americanos porque era bonita.
Mostra também a perplexidade do piloto do Enola Gay, o avião do qual foi jogada a bomba, ao ver depois as consequências. “O que fizemos?”, ele se pergunta.
A resposta é óbvia. Fizeram uma chacina.
A bomba ao cair espalhou um fogo intenso num raio longo. Milhares de pessoas foram imediatamente carbonizadas. Muitas outras morreram afogadas ao se atirar num rio para fugir do fogo.
Era o começo de um dia. As crianças estavam indo para as escolas.
O livrinho mostra também uma ‘Donzela de Hiroxima’. Assim foram chamadas mulheres jovens desfiguradas pela bomba. Para elas se perdeu a possibilidade de atrair marido.
Algumas foram para o país que as destruiu, os Estados Unidos, fazer plásticas. Cirurgiões plásticos americanos se dispuseram a operar de graça.
Uma delas morreu na cirurgia. Suas cinzas retornaram a Hiroxima numa caixinha, levadas pelas conterrâneas no retorno à cidade devastada.
O livrinho também é um lembrete dos crimes de guerra sistematicamente cometidos pelos Estados Unidos. Com a impunidade de quem se julga dono do mundo.
Não.
Não é à toa que são tão odiados.
*Pragmatismopolitico

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